Pfizer: farmacêutica obtém suas matérias-primas de fornecedores nos EUA e na Europa (Dado Ruvic/Reuters)
Mariana Martucci
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 20h09.
Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 20h25.
A Pfizer espera enviar apenas metade das vacinas contra covid-19 originalmente planejadas para este ano devido a problemas na cadeia de suprimentos, mas ainda prevê lançar mais de 1 bilhão de doses em 2021.
"Ampliar a cadeia de suprimentos de matéria-prima demorou mais do que o esperado", disse um porta-voz da empresa. "E é importante destacar que o resultado do ensaio clínico foi um pouco posterior à projeção inicial."
A Pfizer e a parceira com sede na Alemanha, BioNTech, esperavam lançar 100 milhões de vacinas em todo o mundo até o final deste ano, um plano que agora foi reduzido para 50 milhões. O Reino Unido concedeu na quarta-feira autorização de uso emergencial da vacina, tornando-se o primeiro país ocidental a começar a administrar as doses. A vacina também está sendo analisada pela agência reguladora americana, que pode liberar a autorização no final deste mês.
"Estávamos atrasados", disse uma pessoa diretamente envolvida no desenvolvimento da vacina da Pfizer. "Alguns dos primeiros lotes de matérias-primas não atendiam aos padrões. Consertamos, mas ficamos sem tempo para atender aos embarques projetados para este ano."
A Pfizer obtém suas matérias-primas de fornecedores nos Estados Unidos e na Europa. Aumentar a escala da produção desses componentes provou ser um desafio no mês passado, enquanto a empresa aguardava os resultados de seus testes, que chegaram a ser 95% eficazes em 44.000 participantes.
A Pfizer não disse onde surgiram as deficiências em relação aos insumos. Vacinas geralmente contêm materiais de fornecedores que podem incluir agentes antivírus, antissépticos, água esterilizada e elementos do próprio DNA do vírus.
Em uma campanha típica de vacinação, as empresas esperariam até que seu produto fosse aprovado antes de comprar a matéria-prima, estabelecer linhas de fabricação e as cadeias de abastecimento para enviar uma vacina. A Pfizer nunca fabricou um imunizante com tecnologia que usa RNAm, os mensageiros moleculares que transportam instruções genéticas para as células do corpo humano, por isso teve de aumentar a capacidade de produção mesmo com as pesquisas ainda em andamento.
"Para esta, tudo aconteceu simultaneamente", disse uma pessoa familiarizada com o desenvolvimento da Pfizer. "Começamos a configurar a cadeia de abastecimento em março, enquanto a vacina ainda estava sendo desenvolvida. Isso é totalmente sem precedentes."
A Pfizer e a BioNTech estão agora a caminho de lançar 1,3 bilhão de vacinas em 2021, e o déficit de 50 milhões de doses neste ano será coberto conforme a produção aumenta.
A autorização do Reino Unido é um marco no esforço de desenvolver uma nova tecnologia de vacina promissora em uma injeção amplamente disponível em tempo recorde. O país encomendou 40 milhões de doses da Pfizer, o suficiente para vacinar 20 milhões de pessoas. O governo disse em novembro que pode chegar a 10 milhões de doses neste ano, mas a expectativa agora é que sejam enviadas de 4 a 5 milhões de vacinas.
O governo dos Estados Unidos fez um pedido inicial de 100 milhões de doses da vacina Pfizer, com opção de compra de 500 milhões de doses adicionais. A União Europeia encomendou 200 milhões de doses, com opção de mais 100 milhões. O Japão encomendou 120 milhões, e países da América do Sul e da região Ásia-Pacífico também fizeram pedidos significativos.
Das 48 em fases de testes, apenas 11 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.
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