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PF age contra suspeito de "operar" propinas da Delta

O suspeito é Adir Assad, que aparece como gestor de empresas de fachada usadas, segundo as investigações, para pagar propina


	Polícia Federal: ontem, 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão 
 (Wikimedia Commons)

Polícia Federal: ontem, 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão  (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2013 às 09h31.

Rio e São Paulo - A Polícia Federal deflagrou ontem uma série de ações contra aquele que é apontado como o "operador" dos esquemas evolvendo a empreiteira Delta. Trata-se de Adir Assad, que aparece como sócio majoritário ou gestor de empresas de fachada usadas, segundo as investigações, para pagar propina e financiar campanhas com recursos de obras públicas.

Segundo apuraram os agentes federais, a Delta e seu controlador, Fernando Cavendish, transferiram R$ 300 milhões para 19 empresas de fachada entre 2007 e 2012. O dinheiro era sacado em espécie, nos bancos, por pessoas que tinham procurações das empresas fictícias.

Na Operação Saqueador, deflagrada ontem de manhã, 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão no Rio, São Paulo e Goiás.

Amparada na quebra do sigilo bancário de cerca de 100 pessoas físicas e jurídicas, autorizada em 2012 pela CPI do Cachoeira - contraventor Carlinhos Cacheira, apontado como sócio oculto da Delta -, a Polícia Federal constatou que Assad aparece como laranja de quase uma dezena de empresas de fachada, por meio das quais fazia emissão de notas frias de serviços e locação de máquinas e equipamentos para a empreiteira.

O sistema, segundo os federais, permitia que recursos desviados de obras públicas retornassem ao caixa da empreiteira e, depois, eram usados para duas finalidades: corromper servidores para ganhar licitações e financiar campanhas eleitorais por meio de caixa 2.

Apreensões. Equipes da polícia fizeram buscas nos endereços de Assad e seus familiares, em São Paulo. Apreenderam documentos e arquivos digitais.

Outros alvos da missão foram dois contadores que controlam o fluxo de caixa e de emissão de faturas das empresas de Assad - um deles foi contratado logo depois do encerramento da CPI do Cachoeira com a missão de blindá-lo. No prédio onde Cavendish reside, na praia do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, foram apreendidos carros de luxo, computadores e documentos.


O superintendente da Polícia Federal no Rio, delegado Roberto Cordeiro, e o coordenador da Saqueador, Tacio Muzzi, informaram que foram recolhidos R$ 350 mil em dinheiro, em escritórios e residências - pelo menos R$ 250 mil em espécie foram encontrados em um cofre da Delta em São Paulo.

Um integrante do departamento jurídico da empreiteira disse que o dinheiro seria usado para pagamento de funcionários de fornecedores. De acordo com o delegado, os bens apreendidos "seriam objetos adquiridos com dinheiro ilícito".

Peritos ficarão instalados nos escritórios da Delta nos próximos dias para realizar análise contábil a fim de apurar a origem do dinheiro desviado para as empresas de fachada.

A Polícia Federal buscou na jurisprudência do processo do mensalão precedente para pedir à Justiça Federal no Rio autorização para a permanência dos seus técnicos na sede da empreiteira - o ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão, consentiu, anos atrás, que peritos passassem vários dias no Banco Rural, em Belo Horizonte.

Na Delta, os peritos buscam "furos" no controle de custos da empreiteira - planilhas que construtoras mantêm para controlar o fluxo de caixa, mesmo quando é dinheiro sujo. "Há fortes indícios de transferências milionárias de recursos públicos", disse o delegado Cordeiro. "Grande parte dos negócios da construtora envolvia obras públicas com recursos federais, estaduais e municipais", afirmou.


A Justiça deu 30 dias para os federais fazerem as investigações na Delta e nas demais empresas. "Foram constatadas transferências da Delta Construções de aproximadamente R$ 300 milhões para contas das empresas de fachada", disse o delegado Tacio Muzzi. "Posteriormente, grande parte dos recursos era sacada em espécie."

As empresas de fachada têm registro na Junta Comercial, mas a maior parte não tem sede. Outras têm endereços não compatíveis com o montante de recursos movimentado em suas contas correntes e os sócios também não ostentam capacidade econômico-financeira condizente com o volume de ativos que passava por essas contas. Em algumas empresas, não há funcionários registrados.

"Esses indícios denotam empresas de papel", disse Muzzi. "Há um grupo de 10 a 20 laranjas e pessoas por trás dos laranjas", completou o coordenador da operação. Segundo ele, há indícios de crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e peculato - desvio de dinheiro público por servidor.

Caixa cheio

Mesmo após ser declarada inidônea, a Delta, que atuava quase exclusivamente em obras públicas, faturou, em 2012, R$ 877 milhões em contratos com a União, 12 Estados e o Distrito Federal, já que a legislação não impede a continuação de obras em andamento.

Dono da Delta, Cavendish foi condenado em maio pela Justiça Federal a 4 anos e meio de prisão por desvio de recursos públicos que seriam usados na despoluição da Lagoa da Araruama, na região dos Lagos do Rio. O empresário alega inocência e recorre da condenação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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