PEZÃO: o governador do Rio volta do spa para vender a companhia estatal de água e esgoto (Ivan Pacheco/VEJA)
EXAME Hoje
Publicado em 24 de julho de 2017 às 06h52.
Última atualização em 24 de julho de 2017 às 07h59.
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, se reunirá nesta segunda-feira com o com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, para decidir o futuro da companhia de saneamento do estado, a Cedae. A ideia do encontro é acertar os últimos detalhes para que o BNDES compre a Cedae e depois revenda a companhia. Sua privatização foi aceita pela assembleia legislativa do estado em fevereiro, como forma de adiantar dinheiro para o estado em crise.
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A engenharia é necessária para acelerar a chegada de recursos ao estado, que está com salários atrasados há dois meses. O problema, nesse caso, é que a compra redirecionaria o perfil do BNDES que vinha sendo construído desde que Michel Temer assumiu a presidência da República e Maria Silvia Bastos Marques assumiu o banco. Ela pediu demissão no final de maio e Rabello assumiu em seguida.
O valor do negócio deve ficar em torno de 3,5 bilhões de reais. O braço de investimentos do banco, o BNDESPar, já vinha assessorando o estado no processo de privatização, mas a história mudou no meio do caminho, após Rabello tornar-se presidente do BNDES. Especialistas criticam a mudança de rumo, questionando o verdadeiro papel do BNDES no país. “Num momento em que se tentava deixar o banco independente e enxuto, a compra da Cedae é um desvio de foco muito grande”, diz Sergio Lazzarini, professor do Insper, em entrevista a EXAME Hoje na última semana.
“O papel do BNDES na privatização é vender e não comprar para reestrutura”, diz Elena Landau, ex-diretora de privatizações do BNDES. A privatização da Cedae também causa polêmica porque, em diversos lugares do mundo, companhias de água e saneamento que haviam sido vendidas à iniciativa privada acabaram sendo reestatizadas, como aconteceu em Paris, Berlim e Buenos Aires.
Pezão, vale lembrar, passou a última semana num spa que cobra até 7.000 reais semanais de seus hóspedes. Hoje, pode dar um passo importante para aliviar a pressão dos servidores, mas o Rio continua metido no mesmo atoleiro de sempre.