Corte de investimentos: juntos, esses empreendimentos se traduziriam em investimentos de US$ 380 bilhões e uma produção de cerca de 27 milhões de barris de petróleo (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2016 às 11h26.
Londres - Empresas de petróleo adiaram a tomada de decisão sobre 68 grandes projetos de extração em todo o mundo no ano passado, afirmou hoje a consultoria de energia Wood Mackenzie.
Juntos, esses empreendimentos se traduziriam em investimentos de US$ 380 bilhões, adicionando o equivalente a uma produção de cerca de 27 milhões de barris de petróleo e uma quantidade equivalente em volume de gás natural.
A razão dos atrasos é a contínua queda dos preços do petróleo no mercado, que dura mais de 18 meses. O preço do barril do tipo Brent, a referência internacional, recuou mais de 70% desde julho de 2014, para pouco mais de US$ 30.
Essa demora na aprovação de novos empreendimentos indica um atraso do desenvolvimento do parque produtivo, o que no futuro, pode levar a restrições de abastecimento - e, consequentemente, alta nos preços do petróleo.
Na segunda metade de 2015, quando as cotações da commodity recuaram abaixo de US$ 40 por barril, as empresas petrolíferas adiaram a decisão sobre 22 grandes projetos em todo o mundo, que adicionariam o equivalente a 7 bilhões de barris de petróleo, disse a consultoria, para quem as perspectivas de curto prazo são desencorajadoras para novos investimentos.
"O impacto da queda dos preços sobre os planos das companhias tem sido brutal", disse em relatório o analista da Wood Mackenzie, Angus Rodger.
Novos projetos de petróleo e gás precisam de um patamar de US$ 62 por barril para se mostrarem viáveis ao longo de sua vida útil. As cotações do Brent e do WTI, no entanto, tem fechado os últimos dias na metade do valor necessário.
"Com os preços do barril atingindo níveis cada vez mais baixos em 2016, essa lista deve crescer", diz o relatório. A maioria dos empreendimentos que tiveram o início adiado estão em águas profundas dos Estados Unidos, Moçambique, Canadá e Angola.
Mesmo antes das cotações caírem abaixo de US$ 100 por barril, grandes companhias como a Shell enfrentavam pressões para cortar investimentos, que tiveram um salto nos anos de alta do preço do petróleo.
Quando ficou claro que os preços não iriam se recuperar rapidamente, muitos investimentos começaram a ser cancelados, entre eles o projeto da Shell em Carmon Creek, nas areias petrolíferas (tar sands) do Canadá.