Petrobras (PETR3) (Paulo Whitaker/Reuters)
Victor Sena
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 21h21.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2021 às 14h16.
A Petrobras registrou lucro de R$ 59,8 bilhões no quatro trimestre do ano passado e fechou o ano de 2020 no azul, com lucro líquido de R$ 7,1 bilhões. O resultado é contrário à expectativa de prejuízo esperado pelos especialistas.
No ano, a receita foi de 272 bilhões de reais, com o último trimestre fechando em 74,9 bilhões.
Já o EBITDA foi de 112,8 bilhões de reais em 2020 e teve um resultado no 4º trimestre de 47 bi de reais.
A dívida líquida sobre o EBITDA caiu de 2,4 para 2,2 vezes. O indicador é importante para prever a capacidade da companhia de cumprir com seus compromissos financeiros, levando em conta seu EBITDA atual. Por ainda estar altamente endividada, o indicador é acompanhado de perto pelo mercado.
Enquanto isso, a dívida líquida - outro importante indicador sobre a solvência da companhia - caiu para US$ 63,2 bilhões, US$ 15,7 bilhões a menos em relação à posição de 31 de dezembro de 2019.
O resultado da Petrobras de 2020 coincidiu com a semana em que o Conselho de Administração da empresa concordou em dar o primeiro passo para trocar o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, após decisão do presidente da República Jair Bolsonaro.
Em mensagem aos acionistas, junto do resultado, o ainda presidente Roberto Castello Branco disse que a Petrobras entregou a sua promessa, apesar do ano desafiador.
Jair Bolsonaro anunciou a troca de Castello Branco na última sexta-feira, após criticar a política de preços da companhia.
Na última segunda-feira, as ações da Petrobras derreteram 20%, mas se recuperam levemente nos dias seguintes, à medida em que o governo tenta sinalizar ao mercado que não comprometará o caixa da Petrobras com qualquer política de preços, como a feita durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
A produção da Petrobras em 2020 foi boa, como a companhia já havia divulgado em janeiro.
Foram obtidos recordes de produção anual, com 2,28 milhões de barris diários de petróleo e gás e de 2,84 milhões de barris de
óleo equivalente por dia de produção total. Anteriormente, marcas recordes haviam sido obtidas em 2015.
Com o objetivo de reduzir seu endividamento e focada na exploração de petróleo em águas profundas, a empresa vem se desfazendo de diversas frentes de negócios nos últimos dois anos, desde que o atual presidente, Roberto Castello Branco, assumiu a estatal.
Em 2019, a empresa abriu mão do controle da BR Distribuidora, uma das principais bandeiras de postos de gasolina do país. Diversos outros negócios estão na lista.
A atual gestão entende que a vocação da Petrobras é retirar petróleo de águas profundas, tecnologia que ela domina frente a outros países.
No relatório de resultados divulgado nesta quinta-feira, o presidente Castello Branco afirma que desde janeiro de 2019 foram concluídas 21 transações de vendas de ativos e 13 assinadas, que já geraram um montante de US$ 17 bilhões de entrada de caixa.
No momento, existem 50 ativos à venda em diferentes estágios em seus processos de
desinvestimento, como refinarias.