Negócios

Petrobras quer unidade de nitrogenados da Vale

A Vale precisa de mais prazo para investimentos em Sergipe, enquanto a Petrobras quer ampliar sua produção de nitrogenados para ter mais um destino para o gás natural.

Petroleira está investindo para monetizar as reservas de gás natural do pré-sal e da Bacia de Santos (Germano Lüders/EXAME)

Petroleira está investindo para monetizar as reservas de gás natural do pré-sal e da Bacia de Santos (Germano Lüders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2011 às 10h05.

São Paulo - A Petrobras quer que a Vale utilize como moeda de troca para obter a prorrogação do contrato do arrendamento das minas de carnalita, minério do qual se extrai o potássio, em Sergipe, a unidade de nitrogenados que a mineradora herdou da Fosfértil, empresa que adquiriu no ano passado.

Segundo fontes próximas das discussões, as companhias estão próximas de um acordo. A Vale precisa de mais prazo para dar andamento aos investimentos em Sergipe, enquanto a Petrobras quer ampliar sua produção de nitrogenados para ter mais um destino para o gás natural. Nitrogênio, fósforo e potássio são a matéria-prima básica para a produção de fertilizantes, e o Brasil depende da importação de todos eles.

A Vale opera a mina de Taquari-Vassouras (SE) desde 1992, cujos direitos minerários são da Petrobras. Esses direitos vencem em 2017. A produtora de minério de ferro tenta há alguns anos argumentar com a Petrobras para que a estatal renove o prazo de exploração, mas até o momento não teve nenhuma resposta.

Caso o prazo seja ampliado, a Vale programa investimentos de US$ 4 bilhões com objetivo de elevar a produção de potássio no local das atuais 700 mil toneladas para 2,4 milhões de toneladas. Hoje, esse é o único local onde existe produção do insumo no Brasil, que responde por apenas 10% do total consumido no País; o restante é importado.

A meta da mineradora é chegar a 3,4 milhões de toneladas de potássio em 2015, considerando todas suas operações de potássio, inclusive a da Argentina.

Amônia

Além da unidade de nitrogenados que a mineradora herdou da Fosfértil, localizada em Araucária (PR), a Vale também produz nitrogenados em Cubatão (SP), outra unidade que era da Fosfértil. No Brasil, há outros dois polos para a síntese de amônia - o primeiro composto nitrogenado -, que pertencem à Petrobras: o complexo de Laranjeiras (SE) e o de Camaçari (BA).

Não é à toa que o interesse da estatal pode estar nesses ativos. A Petrobras está investindo para monetizar as reservas de gás natural do pré-sal e da Bacia de Santos. Com o investimento na produção de nitrogenados, a Petrobras conseguiria, além de aumentar a oferta nacional de fertilizantes, garantir um mercado consumidor firme para esse gás. Também nesse sentido, a estatal prevê construir outras três unidades de nitrogenados: em Três Lagoas (MS), Uberaba (MG) e em Linhares (ES).


Embora o nitrogênio seja abundante no ar atmosférico, o processo industrial utiliza hidrogênio, que pode vir do gás natural. Segundo o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Godofredo Vitti, o gás natural é a fonte mais barata para a obtenção do hidrogênio. A reação química entre o hidrogênio e o nitrogênio resulta em amônia.

Mesmo com o cenário mais propenso para a Petrobras produzir os nitrogenados, a Vale tem se movimentado para produzir amônia e ureia. No ano passado, a produção de amônia pela mineradora somou 508 mil toneladas e a de ureia, 511 mil toneladas. Apesar desse esforço, o potássio é o foco para a Vale, e por isso a necessidade de que Petrobras chancele a ampliação do prazo de arrendamento da mina em Sergipe. Segundo o professor da Esalq, é economicamente interessante que a Petrobras produza nitrogenados e a Vale, potássio, em Sergipe.

Acompanhe tudo sobre:acordos-empresariaisCapitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGásGás e combustíveisIndústria do petróleoMineraçãoPetrobrasPetróleoSiderúrgicasVale

Mais de Negócios

"Tinder do aço": conheça a startup que deve faturar R$ 7 milhões com digitalização do setor

Sears: o que aconteceu com a gigante rede de lojas americana famosa no Brasil nos anos 1980

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões