A presidente da Petrobras confessou que o nível atual do câmbio não é bom para a Petrobras, porque 78% das dívidas da empresa são em dólar (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2013 às 18h11.
Rio de Janeiro - A alteração da perspectiva de avaliação de risco da Petrobras (PETR4) de estável para negativa, anunciada ontem (6) pela agência internacional de classificação de risco Standard & Poors, refletindo ação similar no rating (avaliação sobre as condições de um país ou uma empresa saldar seus compromissos) soberano do Brasil, não mudará o plano de negócio da empresa.
Em entrevista hoje (7) à imprensa, após palestra feita a empresários do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Rio de Janeiro (Ibef-RJ), Graça disse crer que uma empresa, “que tem o que a Petrobras tem na mão, uma partilha que vai acontecer agora, a volta das rodadas [de licitação], a gente tem muita confiança que, aconteça o que acontecer, a gente vai manter o grau de investimento”.
A Petrobras pretende participar dos leilões de gás e de partilha do pré-sal que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deverá fazer no próximo mês de outubro.
Graça admitiu que o nível atual do câmbio não é bom para a Petrobras, porque 78% das dívidas da empresa são em dólar. Acrescentou que a maior parte dos custos de exploração e produção e de gás e energia é também em moeda norte-americana.
No plano de negócios e gestão da empresa, Graça disse ter sido feita uma projeção de câmbio, cuja variação considerou, no curto prazo, uma cotação em torno de R$ 1,85. Ao sair hoje da estatal para o evento, disse que a cotação estava em R$ 2,13. “Então, pontualmente, isso preocupa a Petrobras”. Ela admitiu, por outro lado, que nem tudo que preocupa a empresa é ruim para outras áreas importantes da economia.
Aos empresários do Ibef-RJ, Graça informou que a meta da Petrobras é atingir este ano 5,2 milhões de barris/dia de óleo equivalente, considerando óleo e gás natural. No último mês de abril, a produção nacional de petróleo e gás alcançou 2,393 milhões de barris de óleo equivalente por dia.
Este ano, está prevista a entrada em operação de mais sete unidades estacionárias de produção que a presidenta da empresa avaliou como “fundamental para levantar a curva de produção”. Em 2014, mais três unidades deverão iniciar seu funcionamento, às quais se somarão mais duas, em 2015.
Indagada a respeito da Refinaria Abreu e Lima, ou Refinaria do Nordeste (Rnest), que está sendo construída pela empresa em Pernambuco e cujo projeto previa sociedade com a estatal venezuelana PDVSA, Graça disse: “Deixa a PDVSA. Na hora que ela quiser vir, ela virá. E virá com um cheque na mão. O único jeito de falar com PDVSA é esse”. Segundo ela, as conversas com a empresa venezuelana continuam.