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Petrobras prepara venda de ativos no exterior para investir no pré-sal

José Sérgio Gabrielli disse que a empresa ainda discute se venda será feita de uma só vez ou em blocos menores

Gabrielli: novas reservas estão abertas "a qualquer companhia petroleira"  (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Gabrielli: novas reservas estão abertas "a qualquer companhia petroleira" (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 17h28.

Paris - A Petrobras, que tem investido em massa em suas gigantescas reservas ao longo da costa brasileira, pretende se desfazer dos ativos de exploração-produção - principalmente no exterior - para se concentrar na exploração da região do pré-sal, declarou nesta segunda-feira seu presidente, José Sérgio Gabrielli, assegurando que o ouro negro brasileiro está aberto a todas as companhias estrangeiras.

"Concluímos a estratégia nesse ponto, para saber se será um grande bloco ou blocos menores, parte por parte", disse José Sérgio Gabrielli durante uma entrevista concedida à AFP em Paris, indicando que anúncios serão feitos "em breve".

A venda envolverá blocos "no Brasil e fora do Brasil". Ele indicou que o plano de cessão, de um valor global de mais de 13 bilhões de dólares, prevê também vendas de participações financeiras.

A Petrobras apresentou em julho um plano de investimentos colossal de 225 bilhões de dólares (163 bilhões de euros) até 2015, em grande parte para desenvolver os campos petrolíferos em águas muito profundas descobertos nos últimos anos ao longo da costa sudeste brasileira.

Com essas descobertas massivas, que representam um terço das novas reservas identificadas no mundo em cinco anos, analistas preveem que a Petrobras renuncie a seus ativos no exterior para se concentrar em seu mercado nacional.

"Temos 5% de nossos investimentos no exterior (...) e não pretendemos aumentar", reconheceu Gabrielli.

A Petrobras quer, entretanto, permanecer presente no exterior, explicou ele. "Não porque queiramos novas áreas, mas porque é necessário termos informação coletada durante a exploração. Não somos uma sociedade de fusão-aquisição, mas uma empresa de exploração", disse.

Quanto às novas reservas, elas estão abertas "a qualquer companhia petroleira" e não somente brasileira, afirmou, no momento em que surgem preocupações relacionadas a uma exploração muito nacional.


Gabrielli falou de um eventual interesse da francesa Total nas reservas brasileiras.

"Eu me reuni com meu amigo (o presidente da Total Christophe) de Margerie no domingo passado em Londres e ele me disse que está muito interessado no Brasil", disse o presidente da Petrobras.

O Brasil pretende passar sua produção de petróleo de 2 milhões de barris por dia para cerca de 5 milhões até 2020, principalmente com a Petrobras.

As necessidades são enormes, com o grupo estimando que serão necessários cerca de mais 300 navios em 10 anos e mais de cinquenta novas plataformas de perfuração no mar para se ter acesso ao petróleo, que está até 7.000 metros sob a superfície.

"Para termos uma base de comparação, há 103 plataformas atualmente no mundo. Vamos utilizar 65", ressaltou Gabrielli.

Com relação ao risco ambiental das perfurações em águas profundas, "não se pode ter certeza" de evitar uma catástrofe, reconheceu. Mas "achamos que podemos conseguir, se seguirmos os procedimentos", concluiu.

O transporte de hidrocarbonetos ainda é uma fonte de poluição maior do que a exploração e a produção, segundo ele.

Consultado sobre o que o petróleo abrirá como perspectiva para o Brasil, o presidente da Petrobras frisou que o ouro negro é ao mesmo tempo "uma benção que aumenta os ganhos e uma maldição que pode tornar outras atividades improdutivas".

"Mas o Brasil é maior do que o petróleo", que representa menos de 10% do PIB brasileiro e das exportações e menos de 12% de suas receitas fiscais, ressaltou.

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