Londres - Fornecedores da Petrobras têm se preparado para uma provável onda de renegociação de contratos antigos para aluguel de plataformas marítimas. Segundo um alto executivo de uma empresa estrangeira, o setor já espera a convocação da estatal para debater contratos fechados no auge da demanda por esses equipamentos.
Essa renegociação deve ocorrer como medida da nova diretoria da Petrobras que precisa cortar gastos e diante das novas condições do mercado global de aluguel de plataformas, já que alguns preços caíram até 50% nos últimos anos.
Na semana passada, uma das grandes fornecedoras da Petrobras, a norueguesa Seadrill, surpreendeu o mercado ao anunciar aos acionistas que contratos para aluguel de duas plataformas marítimas assinados com a estatal brasileira devem ter prazos ou condições comerciais alteradas.
Por isso, a empresa não conta mais com o valor integral de US$ 1,1 bilhão previsto na assinatura do contrato. Segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a decisão da companhia norueguesa pode ser a indicação de um movimento mais amplo de renegociação que está por vir.
A Petrobras continua pagando normalmente empresas que alugam plataformas petrolíferas, como a própria Seadrill, a europeia Ocean Rig e a americana Transocean.
"A Petrobras não atrasou nenhum pagamento. Todos os compromissos estão sendo quitados na data e com os valores combinados em contrato. Mas a Seadrill sentiu-se obrigada a avisar investidores por uma questão de transparência diante da grande mudança que houve na estatal", diz.
Segundo essa fonte, consórcios que operam as várias áreas de exploração estariam começando a avaliar a possibilidade de renegociar preços e prazos dos contratos firmados há alguns anos.
Segundo o executivo, esse movimento tenta antecipar a "muito provável" movimentação da estatal.
"A nova diretoria (da Petrobras) usará novos processos e deverá haver mudança nos valores previstos no orçamento. Por isso, o setor acredita que vão chamar todos (os fornecedores) para a mesa de negociação. Por enquanto, porém, não aconteceu nada fora do ordinário."
Ainda que a iniciativa comece a partir dos consórcios, vale lembrar que todos esses grupos contam com a participação majoritária da Petrobras.
Uma das plataformas que foi alvo do comunicado da empresa norueguesa da semana passada foi contratada por um consórcio controlado pela Petrobras com 65% da concessão.
Os demais sócios são a britânica BG Group com 25% e portuguesa Galp Energia com 10%.
Mudança
Além dos problemas de corrupção dentro da estatal, a nova direção da Petrobras tem como forte argumento pró renegociação a mudança do cenário global.
"É algo mundial que a Petrobras sofre e as outras petroleiras também. Quem tem condições de renegociar, vai fazer isso porque muitos desses contratos foram firmados no auge da demanda global. Agora, com a oferta maior de sondas e o mercado em situação diferente, os preços caíram bastante", diz a fonte, ao comentar que a oferta mundial cresceu mais que a demanda nos últimos anos.
Algumas das plataformas alugadas pela Petrobras no auge da demanda global no fim da década passada têm aluguel diário superior a US$ 600 mil - caso de West Taurus e West Eminence, ambas da norueguesa Seadrill.
Atualmente, equipamentos comparáveis chegam a ser alugados por valores próximos de US$ 400 mil por dia. Essa discrepância de 50% é um forte argumento para levar fornecedores e a estatal para a mesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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1. Tempos difíceis
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1/9 (Divulgação/EXAME)
São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a
Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
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2. Operação Lava Jato
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2/9 (Arquivo/Agência Brasil)
Deflagrada em março de 2014, a
Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
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3. Fornecedores na mira
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3/9 (Germano Lüders/Exame)
Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já
decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram
demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
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4. Balanço incompleto
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4/9 (REUTERS/Paulo Whitaker)
O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
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5. Mudança de comando
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5/9 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Dias depois da divulgação dos resultados,
Graça Foster e outros cinco diretores da companhia
renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de
Aldemir Bendine para o cargo. Tido como
um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
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6. Acidente fatal
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6/9 (REUTERS/Gabriel Lordello)
Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a
morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.
A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa, caso fique comprovado erro de operação.
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7. Revolta dos acionistas
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7/9 (Scott Eells/Bloomberg)
Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos,
uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
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8. Dívidas em dólar
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8/9 (Scott Eells/Bloomberg)
O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
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9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple
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9/9 (Divulgação)