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Petrobras mudará política atual se investir em Israel

Para especialista, esse tipo de negócio não faz sentido para a estatal brasileira

Petrobras: política internacional da estatal está voltada mais para desinvestimento do que para investimento (NurPhoto/Getty Images)

Petrobras: política internacional da estatal está voltada mais para desinvestimento do que para investimento (NurPhoto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2019 às 08h49.

Rio de Janeiro — Israel ocupa posição irrelevante no mercado mundial de petróleo e gás natural. Por isso, qualquer parceria com o governo brasileiro nesta área e com a Petrobras só teria sentido se fizesse parte de um acordo mais amplo entre os dois países, envolvendo troca de conhecimentos de tecnologias, diz o professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ (GEE/UFRJ) e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), Helder Queiroz.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, se encontrou, no domingo passado, com o seu homólogo israelense, Yuval Steinitz. Durante o encontro, trataram de uma possível participação da Petrobras no segundo leilão de gás natural e exploração de óleo em duas áreas licitadas pelo país, informou o MME, em nota oficial.

Queiroz destaca, no entanto, que a Petrobras reviu o seu plano de negócios para focar no pré-sal, no Brasil. No mercado internacional, o projeto é se desfazer de ativos, mesmo na área de exploração e produção de petróleo e gás natural, o "coração" da empresa. "Investir em Israel significaria uma reversão de estratégia. Esse tipo de notícia parece uma questão de governo, um acordo bilateral, não necessariamente na área de petróleo e gás natural", afirmou.

 

Para o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset Wealth Management, esse tipo de negócio não faz sentido para a estatal brasileira. Ele diz que, se a ideia for para frente e não for apenas "um discurso" do governo brasileiro, representará uma derrota para o atual presidente da estatal , Roberto Castello Branco.

Galdi acredita que o anúncio tenha tido a função de compensar a frustração dos anfitriões em relação à visita da comitiva brasileira. A presença da delegação do Brasil gerou entre outras expectativas, como a mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fizeram Estados Unidos e Guatemala.

Coordenadora de pesquisas da FGV Energia, Fernanda Delgado também demonstrou estranheza com a notícia. Ela não vê motivos para a Petrobrás recuar do objetivo de focar suas atividades no pré-sal brasileiro, ainda mais na iminência da realização do leilão de áreas gigantes. "Causou estranheza, com tantas áreas internas e o discurso do presidente da companhia de diminuir investimentos externos e focar no pré-sal, a empresa recuar assim. Parece mais um movimento político do governo Bolsonaro em relação a Israel", avaliou a pesquisadora.

Delgado ressalta ainda que Bolsonaro está seguindo os passos do presidente dos EUA, Donald Trump, que também se aproximou de Israel. "Mas o objetivo de Trump era a fonte de financiamento e não vi nenhuma menção à liberação de recursos nas declarações feitas por Bolsonaro", disse.

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