Petrobras: emissão de títulos de dívida da estatal pode abrir caminho para operações do Tesouro (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2016 às 09h36.
São Paulo, Rio e Brasília - Ainda com o comando indefinido no novo governo, a Petrobras voltou na terça-feira, 17, ao mercado internacional para captar US$ 6,75 bilhões com o objetivo de refinanciar seus compromissos de curto prazo.
A alta demanda, na faixa de US$ 20 bilhões, permitiu que a estatal negociasse condições menos onerosas e despertou a atenção do governo para uma melhora na percepção de risco no País.
Primeira operação do tipo em 11 meses no Brasil, a emissão da estatal pode abrir espaço para operações do Tesouro Nacional.
Os valores captados serão utilizados para refinanciar cerca de 30% dos bônus com vencimento até 2019. Nesse período, os compromissos da petroleira somam R$ 178 bilhões - quase 40% da dívida total.
A prioridade é a recompra dos títulos com vencimento em dois anos, que têm margens limitadas para negociação com os credores.
A última emissão da estatal aconteceu em junho, com um bônus com prazo de 100 anos. O objetivo da diretoria, na época, era medir a "credibilidade" da estatal mesmo em tempos de crise. Agora, com custos crescentes sobre o endividamento, a preocupação da diretoria é com a liquidez da empresa.
Apesar da demanda mais forte, a avaliação dos analistas de mercado é que a estatal estava pagando caro pelo refinanciamento de suas dívidas. Com isso, as ações da Petrobras fecharam em queda de 2,56% (preferenciais) e 1,12% (ordinárias).
"Não tem milagre. No contexto atual da companhia, foi uma operação bem-sucedida. Foi importante para mostrar a capacidade de a estatal acessar o mercado", avalia uma fonte que participou da operação.
Inicialmente, a previsão era oferecer um retorno acima de 9% para os títulos, com captação de US$ 3 bilhões. Entretanto, diante da alta demanda, os bancos que coordenavam a operação reviram as condições financeiras.
Ao todo, foram emitidos US$ 5 bilhões em bônus com vencimento de cinco anos, com ganho de 8,625% para o investidor. Outros US$ 1,75 bilhão tiveram retorno de 9% e um prazo de 10 anos.
A operação foi coordenada pelo Santander com apoio dos bancos BB Securities, BofA e JPMorgan. Na avaliação de uma fonte próxima à operação, o negócio foi "excelente" e demonstra "apetite" dos investidores sobre o Brasil após a mudança de governo e o anúncio de uma nova equipe econômica.
A operação da estatal, segundo fontes, foi monitorada pelo Tesouro, que busca uma janela para voltar ao mercado. A avaliação interna no Ministério da Fazenda é que, com o anúncio da nova equipe econômica, as condições comecem a ficar favoráveis.
A última captação do País foi feita em março, coordenada pelo ex-ministro Nelson Barbosa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.