Roberto Castello Branco: "Continuamos otimistas que conseguiremos concretizar a venda das refinarias no próximo ano" (Sergio Moraes/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 30 de junho de 2020 às 17h54.
Última atualização em 30 de junho de 2020 às 17h59.
Desde abril, a Petrobras vem realizando uma profunda reavaliação de todos os seus projetos de médio e longo prazos, que passam por um teste de resistência e precisam se mostrar economicamente viáveis com o petróleo a US$ 35 o barril.
A informação foi dada nesta terça-feira pelo presidente da companhia, Roberto Castello Branco, ao explicar que a partir dessa reavaliação de projetos é que a Petrobras vai definir seus investimentos e produção de petróleo para os próximos anos.
Em vídeoconferência, Castello Branco explicou que com a redução dos investimentos neste ano para US$ 8,5 bilhões - uma das medidas adotadas para garantir a saúde financeira ante a profunda crise mundial e do país por conta da pandemia - não houve corte nos projetos, mas se abdicou de algumas ações. Segundo ele, a dívida da Petrobras, que está em US$ 89 bilhões, ainda é muito elevada e preocupa.
"Uma empresa de petróleo está sujeita a flutuações de preços das commodities (petróleo). E não é sustentável viver com uma dívida tão alta. Por isso, uma de nossas prioridades é a sua redução, até para reduzir o seu custo e reconquistar seu grau de investimentos. Então, essa reavaliação (de projetos) está sendo concluída e daí sairão as diretrizes para o programa de investimentos e para a produção de petróleo para os próximos anos", ressaltou Castello Branco.
O presidente da Petrobras reformou que o programa de veda de ativos continua de pé, apesar de alguns atrasos no cronograma, da queda na atividade econômica e isolamento social determinado para combater a propagação do novo coronavírus. Castello Branco disse ainda ter ficado satisfeito com as ofertas vinculantes para a compra da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, recebidas na semana passada.
"Continuamos otimistas que conseguiremos concretizar a venda das refinarias no próximo ano", ressaltou Castello Branco.
O presidente da Petrobras voltou a destacar que a indústria de petróleo atravessa a pior crise dos últimos 100 anos, com forte queda dos preços, que passaram de US$ 60 o barril para US$ 20, chegando a ser cotado a US$ 15 por alguns dias. Isso, aliado à forte contração da demanda por combustíveis.
Em maio e junho, com a retomada da economia em alguns países como na China, houve uma melhora e os preços do petróleo se estabilizaram em torno de US$ 40 o barril. Mas as incertezas continuarão no mundo, segundo o executivo, enquanto não se descobrir uma vacina para o novo coronavírus.
Segundo Castello Branco, a empresa adotou uma série de medidas para reduzir custos, investimentos, e redução da produção de petróleo com o objetivo de manter a saúde dos empregados e a saúde financeira da empresa. Castello Branco destacou que a Petrobras está preparada para resistir a preços de petróleo na faixa de US$ 25 o barril até o fim deste ano.
Na segunda-feira, a estatal anunciou que manterá o teletrabalho até 31 de dezembro. Segundo a Petrobras, a decisão é para garantir a saúde de seus empregados. No entanto, explicou que determinadas atividades, se for necessário, poderão voltar ao trabalho presencial antes do final do ano.
"Nesses casos, a transição será segura e gradual, em ondas, seguindo uma rigorosa análise, que levará em consideração as atividades, a saúde e segurança dos empregados, a localidade e a regulação estabelecida por estados e municípios, assim como as orientações das autoridades sanitárias."
A Petrobras informou ainda que vai oferecer aos empregados que continuam trabalhando em casa uma ajuda de custo no valor de R$ 1 mil para compra de equipamentos ergonômicos, tais como cadeira, suporte para notebook, teclado e mouse.
A companhia destacou ainda que continua estudando a possibilidade de adotar o teletrabalho para pelo menos a metade de seus empregados
da área administrativa, que poderiam optar por trabalhar em casa três dias por semana.