Petrobras: fim das negociações com a portuguesa Galp permitirá que a estatal concentre investimentos no pré-sal (Germano Lüders)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 10h58.
São Paulo – A Petrobras informou nesta segunda-feira (7/2) que desistiu de comprar a participação de 33,4% que a italiana ENI tem na portuguesa Galp Energia. Procurada por EXAME.com, a estatal preferiu não entrar em detalhes sobre o fim das negociações.
Há tempos, a Petrobras tentava comprar a participação da ENI na Galp, sua parceira, aliás, em diversos projetos do pré-sal. A operação aumentaria a participação da Petrobras no pré-sal, mas seria um mau negócio. Um ex-diretor da estatal, ouvido por EXAME.com (leia reportagem), explica: “Provavelmente a Petrobras precisaria de mais dinheiro para efetuar a compra dessa participação e teria de ir ao mercado de novo”, diz.
Mesmo tendo realizado a maior capitalização da história, que arrecadou 20,3 bilhões de reais, a Petrobras precisaria recorrer ao mercado. E isso iria contra o que o próprio plano de negócios da estatal propõe -- que a empresa reduziria os investimentos no exterior para se dedicar ao pré-sal. O Conselho de Administração aprovou o plano para o período de 2010-2014, com investimentos totais de 224 bilhões dólares, dos quais 95% será direcionado ao Brasil. Dos 11,7 bilhões de dólares restantes para projetos no exterior, 4,7 bilhões de reais seriam gastos na compra da participação na Galp.
Segundo a estatal, a aquisição da Galp permitiria também uma entrada no mercado europeu para a produção brasileira de petróleo e derivados, mas também seria algo arriscado na opinião do ex-diretor. “Há um grupo dentro da companhia que defende essa tese de vender produto. É claro que em termos teóricos é verdadeiro, mas no mercado mundial há mais dificuldade em vender produtos do que petróleo, então seria um investimento de retorno bem duvidoso.”
A Galp tem participação do grupo português Amorim Energia, controlada pelo investidor Américo Amorim. O empresário controla 55% da Amorim Energia e os restantes 45% são controlados pela estatal angolana Sonangol, que afirmou que vetaria a entrada da estatal brasileira na Galp. Os angolanos, aliás, desejam ter um controle direto na empresa portuguesa e agora ganham a chance com a saída da Petrobras das negociações.