Negócios

Petrobras deixará transporte e distribuição de gás, diz CEO da estatal

Decisão ocorre depois de governo anunciar plano para acabar com monopólio do setor, dominado pela estatal; empresa quer vender uma refinaria ainda em 2019

Petrobras: empresa pretende vender BR Distribuidora (Victor Moriyama/Bloomberg)

Petrobras: empresa pretende vender BR Distribuidora (Victor Moriyama/Bloomberg)

R

Reuters

Publicado em 27 de junho de 2019 às 19h00.

Última atualização em 27 de junho de 2019 às 19h01.

São Paulo — A Petrobras deverá sair dos segmentos de transporte e distribuição de gás no Brasil, disse nesta quinta-feira (27) o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, após participar de evento na B3 que marcou a venda de ações da petroleira pela Caixa.

Os comentários foram feitos depois de o governo anunciar nesta semana um plano para acabar com monopólios no setor de gás, amplamente dominado pela estatal. Questionado sobre o assunto, Castello Branco disse que não cabe à Petrobras "fazer políticas públicas", mas ele indicou que a companhia está afinada com o plano governamental, que se encaixa com o plano de desinvestimentos de ativos da petroleira.

"Vamos abrir espaço, vendendo empresas, saindo do transporte, já começamos a andar com isso, vendendo a NTS (Nova Transportadora do Sudeste) e a TAG (Transportadora Associada de Gás)", destacou o CEO, em referência a desinvestimentos bilionários na área de gasodutos.

"Vamos aprofundar a venda de gasodutos, vamos sair da distribuição de gás e outras medidas que estão sendo discutidas com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)", acrescentou ao ser questionado por jornalistas.

Ele comentou que a empresa está muito próxima de um acordo como Cade, mas não quis dar detalhes sobre o assunto por questões de sigilo.

"A Petrobras vai desenvolver todos os esforços para que tenhamos um mercado competitivo e vibrante, estamos em conversas com o Cade, e posteriormente saberão os resultados", comentou.

BR e refinarias

O executivo também comentou sobre itens previstos no plano de desinvestimentos, com o qual a companhia espera levantar recursos para pagar dívidas e focar na sua atividade principal, a exploração e produção de petróleo e gás.

Ele disse que a venda de uma fatia adicional da empresa de distribuição de combustíveis da Petrobras, a BR Distribuidora, deverá ocorrer no prazo mais curto possível.

"Não temos nada ainda definido, mas ela (operação) acontecerá, sem dúvida. Esperamos voltar à B3 no mais curto espaço de tempo possível", declarou, referindo-se à venda da fatia na BR, na qual a empresa detém atualmente uma participação de 71,25%, após ter feito no final de 2017 uma oferta inicial de ações da subsidiária que levantou cerca de 5 bilhões de reais.

Dentro de um plano da empresa de vender oito refinarias, ou 50 por cento de sua capacidade de refino, Castello Branco afirmou que a Petrobras pretende vender pelo menos uma refinaria ainda neste ano.

Com relação à operação para a venda da Liquigás, distribuidora de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) da Petrobras, o executivo lembrou que a companhia já recebeu ofertas não vinculantes e destacou que já selecionou as melhores.

"Esperamos receber as propostas vinculantes no início de agosto", completou, ressaltando que a companhia tomou precauções para limitar a participação de empresas que já tenham marcas relevantes na distribuição de gás em botijão.

Essa é a segunda tentativa da Petrobras de vender a Liquigás. Em 2016, a companhia chegou a um acordo para vender a unidade à Ultrapar Participações por 2,8 bilhões de reais, mas o negócio foi bloqueado pelo Cade.

"Queremos abrir mão do poder de monopólio, mas não transferir o monopólio estatal para o monopólio privado."

Sobre a operação da venda de ações pela Caixa, ele destacou que foi a maior oferta secundária desde 2010, movimentando mais de 7 bilhões de reais.

"Resultados bons do ponto de vista de precificação e contribuição para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro... Aumenta a liquidez das ações ordinárias da Petrobras, o que é bom para o comportamento das ações."

Acompanhe tudo sobre:Empresas estataisGásPetrobrasPrivatização

Mais de Negócios

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg