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Petrobras critica plano para biocombustíveis com venda de usinas

A Petrobras demonstrou preocupação sobre o impacto da maior produção de biocombustíveis sobre a proteção de florestas e produção de alimentos

Usina de Etanol: a empresa também disse que o Brasil não precisa aumentar o uso de biocombustíveis para ajudar a cumprir suas metas sob o acordo climático de Paris (foto/Divulgação)

Usina de Etanol: a empresa também disse que o Brasil não precisa aumentar o uso de biocombustíveis para ajudar a cumprir suas metas sob o acordo climático de Paris (foto/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 18 de abril de 2017 às 18h27.

São Paulo - A Petrobras demonstrou forte oposição a um programa liderado pelo governo para aumentar o uso de biocombustíveis, um movimento que acompanha sua recente decisão de retirar-se completamente do setor.

Em um documento produzido pela estatal como contribuição a uma consulta sobre o programa RenovaBio, a Petrobras demonstrou preocupação sobre o impacto da maior produção de biocombustíveis sobre a proteção de florestas e produção de alimentos, e disse que usinas de cana não estão em posição financeira adequada para aumentar a produção de etanol.

A empresa também disse que o Brasil não precisa aumentar o uso de biocombustíveis para ajudar a cumprir suas metas sob o acordo climático de Paris, acrescentando que outras formas de contribuição teriam menor impacto econômico.

A posição da companhia está em evidente desacordo com o que foi planejado poucos anos atrás, quando a empresa queria diversificar suas fontes de energia e tornar-se uma das cinco maiores produtoras de biocombustíveis do mundo.

A Petrobras vendeu à francesa Tereos sua participação na fabricante de açúcar e etanol Guarani, vendeu uma participação de 50 por cento na produtora de etanol Nova Fronteira e fechou algumas de suas plantas de biodiesel, à medida que prioriza investimentos nos campos de pré-sal para otimizar a geração de caixa e reduzir sua dívida de quase 100 bilhões de dólares.

O diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, disse estar surpreso com o conteúdo do documento.

"Infelizmente é um retrocesso... Vejo que alguns dados que foram apresentados são ultrapassados, não acompanham a leitura global hoje", disse ele. A Ubrabio apoia o programa do governo.

Uma das promessas do Brasil sob o acordo climático de Paris era aumentar acentuadamente a parcela de biocombustíveis em sua matriz de energia para ajudar a bater uma ambiciosa meta de cortar as emissões de gases estufa em 43 por cento ante níveis de 2005 até 2030.

Para o etanol, por exemplo, essa meta significaria quase dobrar a produção atual para 54 bilhões de litros até 2030. O governo criou recentemente o programa RenovaBio para reunir informações sobre como impulsionar o uso de biocombustíveis.

Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), disse que a Petrobras parece estar olhando apenas para seus próprios interesses.

"Pedro Parente declarou claramente que seu foco está nos combustíveis fósseis. É claro que nenhuma companhia quer ser diminuída, mas você não pode ir contra o que está acontecendo no mundo", disse ela.

"O Brasil tem uma enorme vantagem comparativa em biocombustíveis. É claro que podemos bater a meta de Paris sem eles, mas isso seria tolo."

A Unica defende a adoção de mandatos de biocombustíveis para distribuidores de combustíveis no Brasil, de maneira similar ao que acontece nos Estados Unidos, como modo de forçar volumes maiores de etanol ao mercado.

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