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Petrobras concentrará 95% dos recursos no Brasil, diz Gabrielli

Segundo ele, o futuro da companhia petrolífera não passa pela expansão internacional, mas por concentrar-se no Brasil, onde prevê aplicar R$ 373,5 bilhões em 4 anos

Entre os projetos que a Petrobras desenvolve no Brasil está o da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco (Oscar Cabral/VEJA)

Entre os projetos que a Petrobras desenvolve no Brasil está o da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco (Oscar Cabral/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2011 às 09h09.

Tóquio - O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou nesta terça-feira que o futuro da companhia petrolífera não passa pela expansão internacional, mas por concentrar-se no Brasil, onde destinará 95% de seus investimentos até 2015.

Em entrevista à Agência Efe em Tóquio, onde está como parte de uma viagem pelo continente asiático para buscar alianças e potenciais investidores, Gabrielli, de 62 anos, ressaltou as 'enormes oportunidades' do Brasil, país em que a Petrobras prevê aplicar R$ 373,5 bilhões nos próximos quatro anos.

Só 5% dos investimentos da estatal petrolífera serão investidos em operações no exterior, principalmente no litoral ocidental da África e no Golfo do México.

Entre os projetos que a Petrobras desenvolve no Brasil está o da refinaria de Abreu e Lima (Pernambuco), que nasceu como uma iniciativa binacional com a venezuelana PDVSA, mas em 2007, pela demora da sócia em apresentar os valores comprometidos, a brasileira decidiu começar a construção sozinha.

Perguntado pelo fim do prazo em 30 de novembro dado pela PDVSA para que adquira 40% do capital social da refinaria, Gabrielli, da mesma forma que fez na segunda-feira diante da imprensa japonesa, não quis tecer nenhum comentário.

'Esperaremos até 30 de novembro, não posso dizer nada mais', limitou-se sobre o futuro da refinaria, que deverá ter capacidade para processar 230 mil barris diários de petróleo a partir de 2013.

Ele falou ainda sobre a possibilidade de uma aliança com a Petróleos Mexicanos (Pemex). Mas para isso é preciso uma mudança na legislação no México, que atualmente não permite associações estratégicas com outras empresas para produzir petróleo e gás.

'Falamos em inúmeras ocasiões com a Pemex', mas 'o problema é que o entorno legal não permite trabalhar a não ser que sejamos uma prestadora de serviços', indicou Gabrielli, quem está à frente da Petrobras há seis anos.


Para uma aliança estratégica com a Pemex 'é preciso mudar a lei; temos de esperar', insistiu, e lembrou que no passado já foi cogitada a criação de uma joint venture nos EUA, mas o assunto não avançou também por problemas na legislação.

Gabrielli, que retorna nesta quarta-feira ao país após ter apresentado o plano de negócio da Petrobras em Cingapura, Coreia do Sul e Japão, destacou que o objetivo é buscar parceiros e consolidar relações com os investidores 'no longo prazo' que possam aumentar suas participações no Brasil.

Uma das principais unidades de exploração é o pré-sal, as reservas de petróleo no Oceano Atlântico em águas profundas que podem transformar o país em um dos maiores exportadores mundiais, para o que é preciso uma grande infraestrutura.

Gabrielli precisou que em suas reuniões na Ásia 'não falou somente sobre o pré-sal. Falou-se de tudo', revelou.

'O pré-sal é muito importante para nós, mas representa 2% da produção neste momento', embora deva ganhar peso já que a previsão é que represente '18% em 2015 e 40% em 2020'.

O brasileiro ressaltou a aposta da Petrobras pelo etanol e os biocombustíveis em geral, nos quais investirão R$ 7,1 bilhões nos próximos cinco anos, em um plano de desenvolvimento de uma segunda geração deste tipo de combustíveis eficientes.

No Brasil, o etanol, que começou a ser utilizado nos anos 70, ganhou mercado na indústria automotora e atualmente cerca de 90% dos carros novos saem de fábrica com a tecnologia 'flex', que permite a combustão à gasolina e etanol.

Embora a divisão de biocombustível tenha cada vez maior peso, a Petrobras espera dar um grande impulso nos próximos anos para sua produção de petróleo, que prevê elevar dos 2 milhões de barris diários atuais para os 4,9 milhões para 2020.

'O futuro não vai ser cancelado pela crise', ressaltou Gabrielli.

A crise não afetará o setor porque 'a maior parte da demanda não vem da Europa, dos EUA e do Japão', mas da China, Índia, Brasil, América do Sul e África.

'Essa é a realidade dos últimos cinco anos, e será assim também nos próximos', concluiu. 

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