Petróleo da Petrobras: alavancagem da companhia foi resultado do efeito do provisionamento do Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2014 às 18h59.
São Paulo - A alavancagem líquida da Petrobras, medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o primeiro trimestre de 2014 em 39%, estável em relação ao final do ano passado, mas novamente acima do patamar de 35% desejado pela estatal.
O indicador havia rompido a barreira de 35% no terceiro trimestre do ano passado, ao atingir 36%. No trimestre seguinte, o indicador voltou a subir e chegou a 39%.
Embora o limite de 35% de alavancagem líquida fosse defendido pelo diretor Financeiro Almir Barbassa, a companhia já incorporou o cenário de alavancagem acentuada em suas projeções.
No plano estratégico divulgado em fevereiro passado, a Petrobras destacou que a alavancagem terá trajetória decrescente, dentro do limite de 35%, somente a partir de 2015.
No mesmo plano estratégico, a companhia informou que o indicador entre dívida líquida e Ebitda ajustado cairá abaixo do limite de até 2,5 vezes igualmente a partir de 2015.
Por hora, contudo, esse indicador continua em níveis elevados. Após atingir o patamar de 3,52 vezes em dezembro passado, a alavancagem saltou para 4 vezes.
A expansão desse indicador, de acordo com a presidente Maria das Graças Foster, é resultado do efeito do provisionamento do Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), que reduziu o Ebitda da estatal em R$ 2,4 bilhões.
"Ocorre que o cálculo deste indicador de endividamento considera o Ebitda anualizado, trazendo, assim, um impacto expressivo neste trimestre", destacou a executiva em carta publicada no documento em que a companhia divulga os resultados do primeiro trimestre.
Alavancagem
O indicador de alavancagem líquida ganhou importância em 2010, ano em que a estatal realizou sua megacapitalização de mais R$ 120 bilhões.
Na oportunidade, uma das razões para que a Petrobras anunciasse a operação foi justamente a preocupação de que o indicador superasse 35% e colocasse em risco a condição de grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco.
Concluída a operação, a alavancagem da estatal caiu de 34% no segundo trimestre para 16% no terceiro trimestre de 2010. Desde então, porém, o indicador mantém trajetória ascendente, acompanhando o endividamento total da petrolífera brasileira.
Já o indicador entre dívida líquida e Ebitda é amplamente observado por analistas e investidores porque relaciona a de geração de caixa de uma empresa e sua capacidade de honrar compromissos contratados.
O atual patamar de alavancagem da Petrobras indica que a estatal precisaria de quatro anos para levantar os recursos necessários ao pagamento de suas dívidas, caso o volume de geração de caixa, volume de recursos em caixa e endividamento ficassem inalterados durante esse período.
Recorde
O balanço referente ao primeiro trimestre de 2014 divulgado há pouco pela Petrobras mostra que o nível de endividamento da companhia não para de crescer.
A dívida bruta da companhia encerrou o mês de março em R$ 308,1 bilhões, superando o patamar inédito de R$ 300 bilhões.
Apenas durante o trimestre, a dívida da companhia cresceu R$ 40,3 bilhões, principalmente em função de duas captações externas que somaram mais de US$ 13 bilhões.
O volume de recursos da estatal, incluindo montante em caixa e títulos públicos federais, também cresceu, basicamente devido às captações externas. O montante saltou de R$ 46,257 bilhões em dezembro passado para R$ 78,478 bilhões ao final de março deste ano.