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Pela Vivo, Telefônica e Portugal Telecom trocaram farpas e ameaças

Negociação tumultuada envolveu declarações duras dos dois lados e veto do governo português

Vivo: disputa acirrada pelo controle da companhia (.)

Vivo: disputa acirrada pelo controle da companhia (.)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - Comparada com outros aguerridos processos de fusão e aquisição, a batalha pela Vivo foi até que curta. Começou com a oferta hostil lançada pela Telefônica no início de maio.

Os 5,7 bilhões de euros propostos na ocasião foram prontamente rejeitados pelo conselho de administração da PT, que não dispensou alfinetadas na rival, como qualificar a iniciativa de "inoportuna". A atitude levou a Telefônica a ameaçar, publicamente, exigir a cassação do mandato dos conselheiros da PT, com o argumento de que os acionistas foram impedidos de se manifestar.

Ameaças à parte, a Telefônica voltou à carga em meados de junho, quando elevou a oferta para 6,5 bilhões de euros. O movimento foi suficiente para forçar a PT uma convocar a assembleia de acionistas para o dia 30 de junho. Nos 15 dias anteriores ao evento, as empresas desfecharam uma verdadeira cruzada de relações públicas junto aos acionistas da PT para defender suas posições.

Futuro amputado

Para os portugueses, a proposta não refletia o valor estratégico da Vivo para a PT. Além de contribuir com 51% da receita líquida da empresa no primeiro trimestre, o Brasil é um dos mercados em que a telefonia celular mais cresce. O presidente da PT, Zeinar Baval, chegou a afirmar que a venda seria o mesmo que amputar as perspectivas de crescimento da PT.

Já a Telefônica procurava mostrar que a eventual fusão da Telesp - sua operadora de telefonia fixa no Brasil - com a Vivo criaria uma empresa forte, com grande geração de sinergia e capaz de enfrentar os concorrentes locais, que também buscam criar pacotes completos de serviços para os consumidores, com linhas fixas, móveis, banda larga e, em alguns casos, TV por assinatura.

Além disso, considerava justo o prêmio proposto pelas ações da Vivo em poder da Portugal Telecom.

Oferta maior

Um novo lance da Telefônica veio véspera da assembleia (29/6). A empresa aumentou a oferta para 7,15 bilhões de euros - um valor muito próximo do que o mercado estimava ser o ideal para fechar o negócio.

A nova proposta conseguiu convencer 74% dos acionistas da operadora portuguesa no dia seguinte. Porém, o acordo foi barrado pelo governo português, que usou seu direito de golden share para impedir a negociação - iniciativa considerada ilegal pela Justiça europeia, deixando o caminho livre para que os acionistas decidissem a favor da venda de suas participações.

Sem resposta

Enquanto ameaçava ir à Justiça para dissolver a Brasilcel, holding que controla a Vivo, a Telefônica estendeu o prazo de sua oferta para 16 de julho. Nos dias 15 e 16, o conselho de administração da Portugal Telecom reuniu-se durante cerca de sete horas para decidir sobre a venda.

O desfecho foi considerado frustrante pelo mercado. A reunião terminou com uma declaração de que o prazo dado pela Telefônica era muito curto, e que, portanto, não era possível chegar a uma conclusão. A Telefônica não estendeu a validade da oferta, que extinguiu à meia-noite daquele dia.

Pesou, na ocasião, a falta de um plano B para a Portugal Telecom. O governo português insistia que continuaria vetando o negócio, se a operadora não encontrasse outro modo de permanecer no Brasil. A aquisição de uma fatia da Oi, anunciada nesta quarta-feira (28/7), encerra a fase das negociações. Agora, é saber se a Vivo corresponderá às expectativas da Telefônica e se a Oi será suficiente para a Portugal Telecom.
 

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