Trabalhadores da construção civil: PDG Realty encerrou o quarto trimestre de 2012 com prejuízo de 1,79 bilhão de reais (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2013 às 11h39.
São Paulo - A PDG Realty ainda deve enfrentar dois anos de transição antes de alcançar um novo patamar de operações, quando a companhia espera retomar nível de lançamentos saudável, apoiado em uma companhia mais enxuta.
Após encerrar o quarto trimestre de 2012 com prejuízo de 1,79 bilhão de reais, a construtora e incorporadora apresentou nesta quarta-feira seu novo plano de negócios para os próximos anos, tendo a rentabilidade como foco principal.
A estratégia, elaborada após revisão detalhada do orçamento de todas as obras da empresa, prevê que a empresa alcance lançamentos anuais entre 5 bilhões e 6 bilhões de reais a partir de 2015. Até lá, a companhia deve viver um período de transição, em que não serão traçadas estimativas para lançamentos, que devem evoluir conforme a melhora na capacidade operacional.
"O objetivo é atingir esse nível de 2015 em diante... não vamos ter 'guidance' para antes disso", disse o presidente-executivo da PDG, Carlos Piani, em teleconferência nesta quarta-feira, assinalando que a empresa passará a trabalhar com metas financeiras apenas, como controle custos de obras e de orçamento e redução de despesas.
A companhia realizou, ao longo de 2012, uma ampla reestruturação das operações, a fim de retornar à rentabilidade.
Conforme o balanço divulgado na noite de terça-feira, uma revisão nos orçamentos de obras resultou em custos adicionais da ordem de 1,4 bilhão de reais, com reversão de 1,1 bilhão da receita líquida. Além da revisão, ajustes contábeis diversos somaram 506 milhões de reais.
Piani, entretanto, descartou a possibilidade de novos ajustes e revisões adiante. "Não existem novos ajustes e provisões a serem feitas", afirmou.
O novo plano prevê ainda a concentração nos segmentos econômico e de médio padrão e a redução do número de regiões de atuação, de 17 para 10. A PDG traçou também a projeção de ter retorno sobre patrimônio líquido de 20 por cento ao ano, considerando o ano de 2015 como base.
"Teremos parcerias de forma complementar... nosso crescimento futuro será essencialmente orgânico", acrescentou Piani, se referindo à terceirização de obras, um dos principais fatores responsáveis por estouro de custos no setor. "Com essas medidas, estamos no caminho certo." A empresa também seguirá vendendo terrenos não estratégicos, ao mesmo tempo em que deve adquirir áreas nas atuais regiões de interesse.
No comando da PDG há cerca de seis meses, após uma rodada de mudanças no corpo executivo, Piani admitiu que a situação encontrada ao assumir o cargo surpreendeu.
"Não prevíamos algo dessa magnitude, nada próximo a isso... mas de forma alguma isso nos assusta", disse ele. "Seremos mais uma vez líderes nas regiões onde atuamos", ressaltou.
Vendas e lançamentos despencam
Em 2012, os ajustes realizados se refletiram em fortes quedas nas linhas de vendas e lançamentos da PDG.
No ano fechado, os lançamentos somaram 1,75 bilhão de reais, queda de 80,5 por cento ante 2011, sem considerar a fatia de parceiros nos projetos. Já as vendas atingiram 3,91 bilhões de reais em 2012, 47,7 por cento menores.
A companhia fechou o ano passado com estoque a valor de mercado de 5,16 bilhões de reais.
Dentre as únicas projeções traçadas para os próximos dois anos, a PDG espera realizar entregas de 32.000 a 36.000 unidades neste ano e de entre 22.000 e 26.000 unidades em 2014. Também para 2014, a empresa prevê alcançar geração de caixa operacional de 1,5 bilhão de reais.
As ações da PDG registravam valorização de 6,06 por cento às 11h12, cotadas a 3,15 reais, após terem iniciado os negócios nesta quarta-feira em queda. No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,35 por cento.