PDG: empresa pediu recuperação judicial na última quarta-feira (Divulgação/Modificada por EXAME.com/Divulgação)
Tatiana Vaz
Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 11h01.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2017 às 11h50.
São Paulo – Depois de longos períodos de maus resultados, a construtora PDG entrou hoje com pedido de recuperação judicial, na comarca da capital paulista.
Ao mercado, a empresa acaba de divulgar um fato relevante na CVM - e as ações já responderam quase que imediatamente com uma alta de 4% (a alta brusca fez com que os papéis fossem suspensos do pregão às 10h28).
No comunicado, a empresa explica detalhadamente os motivos que a levaram a tal estágio.
Em agosto de 2015, a companhia iniciou um processo de reestruturação de dívidas para reforçar o fluxo de caixa e otimizar a estrutura de capital das 500 sociedades do grupo.
Um ano depois, a companhia fechou um acordo com Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa e Banco do Brasil para prorrogar pagamentos de juros e amortização da dívida bilionária, na época de R$ 1,5 bilhão – hoje, ela já passa de R$ 7 bilhões.
O acordo ainda previa a concessão de um novo financiamento para cobrir despesas gerais e administrativas da PDG e, sem ele, era impossível a companhia seguir com o negócio.
Em julho, o Banco Votorantim também topou renegociar os créditos que tinha com a empresa. Os problemas, no entanto, seguiram aumentando, parte pela má administração de recursos, parte pela piora da situação do mercado imobiliário como um todo.
A última cartada da construtora foi contratar, em novembro, a um novo assessor financeiro, a RK Partners, para começar novamente uma nova rodada de negociação. Na mesma data, mudou o comando da empresa: saiu Márcio Trigueiro, entrou Vladimir Kundert Ranevsky, ex-OSX, especialista em negócios complicados.
Mais uma vez, não deu certo e analistas de mercado eram unânimes em dizer que era apenas uma questão de tempo para que a companhia pedisse recuperação, fato que pode mexer com o setor inteiro.
Construção arriscada
A PDG chegou a ser uma das maiores construtoras do país, com uma carteira bilionária de terrenos e imóveis e operações espalhadas por vários estados do país.
Criada por ex-sócios do Banco Pactual, a construtora deu um salto em 2010 ao comprar a Agre, empresa do investidor Enrique Bañuelos que, por sua vez, havia incorporado Abyara, Agra e Klabin Segall.
No ano seguinte, os lançamentos da construtora chegaram a 9 bilhões de reais em valor geral de vendas, fazendo com que ela desbancasse grandes companhias tradicionais do setor, como Cyrela e MRV, do reinado imobiliário brasileiro.
Porém, assim como a grande maioria das empresas do setor, a PDG passou a sentir os desafios de ter crescido demais, criado expectativa demais, em meio a um surpreso cenário de crise para o mercado.
Assim como as concorrentes, a PDG havia expandido os negócios para regiões Nordeste do país e por isso terceirizado boa parte das obras que vendia na planta. O descontrole dos canteiros gerou o atraso na entrega de obras e o descompasso entre o planejado e feito das grandes construtoras do país.
"Todas sofreram naquela época. Mas a PDG sofreu mais porque tinha investido alto na expansão e o tombo, assim, foi maior", afirmou um empresário do setor em dezembro.