Mulheres em reunião: a falta de financiamento pode ser parcialmente explicada pelo que o instituto chama de desigualdade de gênero nas patentes (monkeybusinessimages/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2016 às 17h02.
As mulheres são proprietárias de mais de um terço de todas as empresas dos EUA, mas as companhias administradas por elas obtêm apenas cerca de 3 por cento do financiamento de capital de risco.
Seria este mais um exemplo de sexismo no Vale do Silício?
Talvez não, segundo um novo estudo do Instituto de Pesquisa de Políticas para Mulheres (IWPR, na sigla em inglês), que apontou que a falta de financiamento pode ser parcialmente explicada pelo que o instituto chama de desigualdade de gênero nas patentes.
Para os empreendedores e capitalistas de risco, as patentes são um termômetro da inovação.
Se uma empresa possui uma invenção digna de patente, ela tem uma probabilidade muito maior de conseguir financiamento.
Administradores de startups reportaram que mais de três quartos dos investidores de capital de risco avaliam se uma empresa possui patentes ao decidir se devem financiá-la, segundo o estudo.
O Escritório de Marcas e Patentes dos EUA, em trabalho publicado em janeiro, afirmou que as startups que obtêm patentes têm maior probabilidade de abrirem capital ou de serem adquiridas.
As mulheres participam de equipes que obtêm apenas 18,8 por cento de todas as patentes, segundo o IWPR, que tem sede em Washington.
Embora esses números sejam substancialmente mais altos que os registrados nos anos 1970, a mudança é tão lenta que as mulheres recuperariam o atraso apenas em 2092, diz o estudo.
Joias e roupas
As patentes lideradas por mulheres -- aquelas nas quais a inventora principal é mulher -- são ainda mais raras. Elas respondem por apenas 7,7 por cento de todas as patentes.
E nestes casos, diz o relatório, a maior parte das inovações se concentrou em tecnologias de patentes “associadas a papéis tradicionalmente femininos, como joias e roupas”.
A defasagem das mulheres em relação às invenções também se deve, em parte, à baixa representação delas no estudo dos campos de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, ou STEM, segundo a sigla em inglês.
As mulheres ficaram com cerca de um terço de todas as formações nas áreas STEM em 2010 e com menos de 20 por cento dos diplomas de engenharia.
A diretora do escritório de patentes dos EUA, Michelle Lee, primeira mulher a ocupar o cargo, transformou em prioridade a promoção das mulheres nas ciências.
Em uma era em que as empresas não conseguem encontrar os talentos de que necessitam, “é um imperativo econômico -- e não apenas social -- nutrir e desenvolver todos os nossos talentos”, disse Lee, em março, em um almoço no Senado.
Lee, que é cientista da computação e ex-executiva da Google, lançou programas para introduzir crianças em idade escolar a matérias de ciências e se associou à organização Girl Scouts para desenvolver uma insígnia sobre propriedade intelectual e inovação.
Um ponto positivo do estudo: equipes diversificadas de inventores produzem patentes mais úteis que aquelas desenvolvidas apenas por homens ou apenas por mulheres, pelo menos no campo da tecnologia da informação.
Patentes de grupos diversificados de inventores também são citadas com maior frequência por candidatos a patentes posteriores, o que indica que elas são mais úteis e influentes.