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Parceira global do McDonald's, Marfrig foca China

São Paulo- Com a aquisição da Keystone Foods, a companhia de alimentos brasileira Marfrig aumentou fortemente a sua plataforma global de distribuição, tornando-se uma das principais fornecedoras globais do McDonald's, e agora se prepara para ampliar os negócios na Ásia, especialmente na China. Segundo o presidente da Marfrig, Marcos Molina, a compra da Keystone, anunciada […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo- Com a aquisição da Keystone Foods, a companhia de alimentos brasileira Marfrig aumentou fortemente a sua plataforma global de distribuição, tornando-se uma das principais fornecedoras globais do McDonald's, e agora se prepara para ampliar os negócios na Ásia, especialmente na China.

Segundo o presidente da Marfrig, Marcos Molina, a compra da Keystone, anunciada na segunda-feira, permitirá que a empresa ganhe rapidamente grande fatia do mercado chinês, algo que demoraria se a estratégia de crescimento fosse outra.

"Para ter essa plataforma na China de crescimento e de ter essa base sólida no país, íamos demorar no mínimo cinco anos", afirmou nesta quarta-feira Molina em teleconferência com analistas.

Cerca de 90 por cento da receita total da norte-americana Keystone, com faturamento anual de 6,4 bilhões de dólares, decorre de negócios com o McDonald's, disse o diretor de Relações com Investidores da Marfrig, Ricardo Florence.

Segundo Molina, os proprietários da Keystone, o fundo Lindsay Goldberg LLC, quando procuraram a Marfrig para oferecer o negócio disseram ter o apoio do McDonald's para a realização do acordo, pelo fato de já existir parceria comercial anterior da Marfrig com a rede em outras partes do mundo, incluindo o Brasil, onde é fornecedora da rede de lanchonetes.

"O McDonald's via com muito bons olhos, foi uma aquisição para fortalecer o nosso negócio global com eles", acrescentou.

De acordo com Molina, a Keystone é parceira do McDonald's na China há 30 anos e responde por 80 do fornecimento para a rede da companhia de fast food no mercado chinês.

Considerando instalações de abate e industrialização e também centros de distribuição, a Keystone possui 54 unidades na América do Norte, Europa, Oriente Médio, Ásia, Austrália e Nova Zelândia.

A empresa tem um sistema verticalizado, entregando os produtos que produz diretamente para varejistas, com destaque para os 30 mil restaurantes que constam em sua carteira de clientes.

A companhia brasileira estima que, com a Keystone, terá vendas anuais acima de 15 bilhões de dólares. "Isso coloca o Marfrig entre as três maiores empresas de processamento de carne em escala global", completou Florence.


Sinergias

A incorporação dos ativos pela Marfrig, que já era uma das mais diversificadas empresas de proteína animal do mundo, gerará sinergias estimadas preliminarmente em 100 milhões de dólares até 2012, segundo Florence.

Tais ganhos são previstos com aumento de produção usando a plataforma global da Keystone, otimização do uso da capacidade instalada da companhia norte-americana, reduzindo custos da operação, e maior integração com a Moy Park, pertencente ao Marfrig, na Europa.

"A Keystone tem toda a distribuição no Reino Unido e França, onde temos as unidades da Moy Park, que terceiriza a distribuição. Com a integração, a Keystone vai fazer a distribuição."

No Oriente Médio, lembrou Molina, as vendas da Marfrig hoje são feitas por meio de importadores, "e a Keystone tem toda a distribuição lá". Na Ásia, a Keystone também poderá distribuir produtos das unidades da América do Sul.

Confiante no sucesso da integração com Keystone, Molina lembrou da compra da Seara. "A marca rapidamente conseguiu se posicionar no mercado, as vendas estão bem acima das nossas previsões e a aceitação dos clientes também."

Por volta das 13h20, as ações da Marfrig caíam 0,7 por cento, enquanto o Ibovespa operava praticamente estável.

No dia seguinte ao anúncio da Keystone, as ações chegaram a cair mais de 3 por cento.

Analistas demonstraram preocupações com o endividamento da empresa após a onda de compras e com o aumento da complexidade da companhia, que quase dobrará de tamanho. Acreditam que a grande e diversa estrutura resultante vai dificultar a consolidação dos negócios e a entrega de resultados aos acionistas.


Fim das aquisições

Segundo o presidente, a aquisição da totalidade das ações da Keystone por 1,26 bilhão de dólares foi a mais importante operação da Marfrig. "Ela vem terminar o ciclo na cadeia produtiva, fechando todo o ciclo e dando uma plataforma global, principalmente na Ásia, que é a nossa estratégia de crescimento."

E o negócio, ressaltou ele, põe fim ao processo de crescimento por aquisições.

Segundo Molina, controlador do grupo, ele correria o risco de ver sua participação diluída na empresa com mais compras. Por isso, a companhia vai focar na geração de receita.

"Vou me diluir mais se a empresa não gerar caixa, eu não posso mais me diluir. Eu vou trabalhar os próximos cinco anos para ter o melhor retorno possível na performance da Marfrig e consolidar. Cheguei ao mínimo do mínimo de diluição", declarou,

Debêntures

Juntamente com o negócio, a Marfrig anunciou que emitirá 2,5 bilhões de reais em debêntures conversíveis em ações com o objetivo de financiar a compra da norte-americana.

Há especulações no mercado de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderá ficar com o montante das debêntures .

Questionado sobre o assunto, incluindo a eventual participação do BNDES, o diretor de Relações com Investidores afirmou somente que já existem negociações "avançadas" que garantem totalmente a operação de debêntures, não informando as partes envolvidas.

O BNDES não quis se manifestar sobre o assunto.

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