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Para VW Caminhões, destravar crédito é crucial para retomada da economia

Em entrevista à EXAME, o presidente da montadora afirma que o setor é essencial em tempos de coronavírus

Linha de produção da montadora voltou a operar parcialmente (Volkswagen Caminhões e Ônibus/Divulgação)

Linha de produção da montadora voltou a operar parcialmente (Volkswagen Caminhões e Ônibus/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 7 de maio de 2020 às 06h00.

Última atualização em 7 de maio de 2020 às 17h11.

Mesmo com a pandemia da covid-19, as frotas de caminhões não param. Entregas de alimentos, remédios e outros tipos de suprimentos precisam continuar e é neste cenário que a Volkswagen Caminhões e Ônibus está se adaptando para manter as operações em meio ao isolamento social. Para Roberto Cortes, presidente da montadora, o acesso a crédito será crucial para a sobrevivência do setor e da economia.

"Hoje, a questão mais urgente que enfrentamos é a falta de acesso a crédito. Cerca de 97% das vendas de caminhões são a prazo e também dependemos de financiamento para nosso capital de giro", diz o executivo em entrevista à EXAME.

Em abril, os emplacamentos de caminhões recuaram 53% na comparação anual, segundo balanço da Fenabrave, associação que representa os concessionários. No acumulado do ano, a queda foi de 19%.

Cortes afirma que, antes da pandemia, a Volks estava vendendo de 500 a 550 caminhões e ônibus por dia. Com as medidas de isolamento, esse volume caiu para uma média de apenas 100 unidades.

"Atualmente, já voltamos ao patamar médio de 300 vendas diárias, mas a indústria ainda está operando em apenas um turno", diz.

O setor de caminhões registrou recorde, no Brasil, em meados de 2011, quando as vendas atingiram 170.000 unidades. Na crise econômica de 2014 a 2016, os emplacamentos chegaram a 40.000.

Desde então, as montadoras de veículos pesados vêm trabalhando para impulsionar as vendas. A Volks - que constantemente reveza a liderança do mercado brasileiro com a Mercedes-Benz - está operando, atualmente, a 30% da capacidade em sua fábrica de Resende, no Rio de Janeiro.

"Voltamos com um contingente menor, seguindo regras rígidas de segurança e saúde, desde que o funcionário pega o transporte até a fábrica", diz Cortes.

O administrativo da montadora (exceto posições essenciais de vendas e serviços) está em regime de home office desde 23 de março. Os funcionários da produção tiveram férias coletivas por um mês e retornaram ao trabalho no último dia 27 de abril.

A rede tem 142 pontos de vendas e assistência técnica no país, que estão operando parcialmente, com foco principalmente na agilidade de reposição das peças de desgaste rápido. "É importante que o caminhão não fique parado para fazer revisão, pois neste momento de pandemia, a entrega de alimentos e remédios é muito importante", diz Cortes. 

A montadora decidiu flexibilizar há cerca de 15 dias os prazos para revisão dos caminhões e ônibus em sua rede, no Brasil, diante do cenário de quarentena. Agora,  a medida será estendida para 30 países, e os clientes terão extensão de prazos para serviços gratuitos, previstos em contratos de manutenção ou custeados pelos proprietários.

Perspectivas

O mercado brasileiro de caminhões está entre os cinco maiores do mundo. Por esse motivo, praticamente todas as montadoras estão instaladas, localmente, com operações fabris.

No entanto, os efeitos acumulados dos problemas econômicos que o país enfrentou na última década não têm permitido uma retomada consistente dessa indústria. Para Cortes, a covid-19 será um desafio adicional aos planos de recuperação do setor.

Neste sentido, ele acredita que um antigo pleito do setor, de um programa estruturado de renovação de frota, ajudaria a indústria a sair finalmente do patamar de um turno de produção.

Além disso, Cortes avalia que destravar o crédito, no país, será primordial para fazer a economia rodar novamente. Embora o governo e o Banco Central tenham adotado medidas para aumentar a liquidez, empresários reclamam do aumento do spread, o que na visão do executivo costuma acontecer em momentos de crise.

Ele acredita, contudo, que as exigências de garantias precisam ser revisadas, principalmente para pequenas e médias empresas. "A entrada de caixa parou da noite para o dia, mas as obrigações continuam. Por isso pedimos uma ação conjunta com governo e bancos para melhorar a liquidez e o capital de giro das empresas."

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