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Para GM, crise na autoindústria é pior do que a de 2008

O presidente da empresa considera "mais difícil arrumar a situação" atual


	Soldador trabalha na linha de montagem da GM: 467 trabalhadores da fábrica em São Caetano do Sul entram em licença remunerada por tempo indeterminado
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Soldador trabalha na linha de montagem da GM: 467 trabalhadores da fábrica em São Caetano do Sul entram em licença remunerada por tempo indeterminado (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2015 às 09h56.

São Paulo - O presidente da General Motors América do Sul, Jaime Ardila, considera a crise atual na indústria automobilística pior que a de 2008, provocada por dificuldades financeiras internacionais.

Segundo ele, na época, havia diversas ferramentas que ajudaram o Brasil a não ser drasticamente afetado, como a redução de impostos (o IPI, no caso), os juros estavam mais baixos e os consumidores estavam menos endividados.

"Hoje não temos essas ferramentas e está mais difícil de arrumar a situação", diz o executivo, que projeta para o ano queda de 13% a 17% nas vendas, mesmo apostando numa melhora no cenário a partir do segundo semestre.

Em 2008, enquanto Estados Unidos e Europa enfrentaram forte queda nas vendas, o Brasil conseguiu crescer quase 12% ante 2007 e mais 8,4% em 2009.

Atualmente, a maioria das montadoras opera com alta ociosidade, está dando férias coletivas e reduzindo empregos - só no primeiro trimestre, foram fechadas 3,6 mil vagas.

A partir desta terça-feira, 05, 467 trabalhadores da fábrica da GM em São Caetano do Sul entram em licença remunerada por tempo indeterminado, informa Francisco Nunes, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano.

A produção será reduzida de 55 para 38 carros por hora dos modelos Classic, Cobalt, Cruze, Montana e Spin. A unidade também mantém pouco mais de 800 funcionários em lay-off - contratos suspensos por cinco meses, com vencimento em junho.

Nos primeiros quatro meses do ano, as vendas totais de veículos novos no País, incluindo caminhões e ônibus, acumulam queda de 19,2%, com 893,3 mil unidades, ante 1,1 milhão em igual período de 2014, segundo dados preliminares do mercado.

O mês que terminou foi o pior abril em oito anos, com vendas de 219,3 mil veículos. Em relação ao mesmo mês de 2014, a queda foi de 25% e de 6,5% se comparado a março passado.

"Os estoques em nossa rede de revendas estão entre 45 e 50 dias de vendas, o que não é saudável", afirma Ardila, que projeta a mesma situação para o mercado como um todo. O setor considera razoável estoques médios de 30 dias.

O presidente da GM do Brasil, Santiago Chamorro, afirma que o ajuste fiscal que está sendo promovido pelo governo "é bem visto para o futuro, mas, no curto prazo, terá efeitos negativos no bolso e no psique dos consumidores".

Ele vê 2015 como ano difícil para o setor, 2016 gradativamente melhor e espera para 2017 a retomada do mercado.

A GM, informa Ardila, segue com planos de desenvolver e produzir um carro compacto no País, mas afirma que não será neste ano. O projeto prevê investimento de R$ 2,5 bilhões.

Nesta segunda-feira, 04, a GM realizou evento em São Paulo para comemorar a produção de 500 milhões de veículos da marca em todo o mundo. Desse total, 21 milhões foram feitos na América do Sul, sendo 14 milhões no Brasil.

Caminhões

Em abril, segundo dados preliminares, o segmento de caminhões registrou queda de 45,5% ante igual mês de 2014, para 5,8 mil unidades.

O segmento de automóveis e comerciais leves vendeu 211,9 mil unidades, 24,3% menos que há um ano.

A Fiat liderou as vendas, com 17,8% de participação, seguida por GM (16,1%), Volkswagen (14,7%) e Ford (11%).

Os modelos mais vendidos no mês foram Palio (8.841 unidades), Onix (8.783), HB20 (8.753), Strada (8.598) e Uno (8.013). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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