Ricardo Boechat, José Berenguer, do Banco JP Morgan, Paulo Leme, do Banco Goldman Sachs e Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose (Lela Beltrão / EXAME)
Tatiana Vaz
Publicado em 13 de agosto de 2014 às 13h27.
isSão Paulo – O país tem potencial e cenário favoráveis para receber investimentos em aumento de competitividade, se as regras do jogo forem claras e pensadas a longo prazo.
Esse é o consenso entre os participantes do debate sobre “Os próximos anos, na visão do mercado financeiro e dos empresários” realizado no Exame Fórum Brasil 2020, que acontece hoje no Hotel Unique, em São Paulo.
José Berenguer, presidente do Banco JP Morgan, Paulo Leme, presidente do Conselho de Administração do Banco Goldman Sachs e Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose, foram os convidados para o bate-papo.
Para eles, muitos investidores estrangeiros e empresas brasileiras têm a intenção de alocar recursos no país, mas não o fazem por receio de que mudanças de setores aconteçam repentinamente a curto prazo.
De acordo com os executivos, 2015 será um ano de desafios, independente de quem for eleito para a presidência do país. Políticas fundamentais da economia, como juro, inflação e câmbio terão de ser repensadas.
“Um choque de produtividade para o aumento da eficiência na gestão pública brasileira é necessário com urgência”, afirmou Schalka. Uma das preocupações do executivo é a do país seguir como um exportador de commoditie.
“Eu esperaria também menos intervenção, além de poder voltar a acreditar no setor privado, o que ajudaria a converter a curva de juros para baixo”, comentou Berenguer.
Outros consensos entre eles é o da necessidade da simplificação tributária e do choque de produtividade no setor público.
Mais abertura e menos intervenção da economia também foram duas das prioridades apontadas por eles como estritamente importantes para o próximo Governo.
“Se você olha os dados de mercado, o Brasil está perto de um colapso de produtividade e a inflação muito perto do teto da meta”, afirmou Paulo Leme.
Liberdade de expressão
O mediador do debate, jornalista Ricardo Boechat, começou o bate-papo ironicamente perguntando se algum dos participantes era do Santander ou se poderiam dizer o que pensavam de verdade ali.
A resposta a ironia veio do presidente da Suzano no meio do debate.
“É preciso falar do risco da falta de liberdade de imprensa que sofremos hoje no país”, afirmou ele que, aplaudido pela plateia, continuou:
“Ter um governo transparente e que permite um diálogo com o mercado e com a população é imprescindível para que o Brasil cresça e passe também confiança para todos”.
O comentário do mediador foi uma alusão ao caso dos funcionários demitidos pelo Santander depois da divulgação para alguns clientes de uma análise sobre as consequências para o mercado econômico se a reeleição da presidente Dilma Roussef acontecesse.
O Exame Fórum Brasil 2020 discute o que esperar da economia brasileira nos próximos cinco anos e como construir as bases para nosso real desenvolvimento.