Negócios

Para a Embraer, aviação comercial ainda é seu maior desafio

Com a pandemia do coronavírus e a queda nas viagens, a fabricante de aeronaves brasileira teve prejuízo líquido de 1,7 bilhão de reais no segundo trimestre

Um destaque é a aviação executiva. No trimestre foram entregues 13 jatos, contra 25 no mesmo período do ano anterior (Germano Lüders/Exame)

Um destaque é a aviação executiva. No trimestre foram entregues 13 jatos, contra 25 no mesmo período do ano anterior (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 5 de agosto de 2020 às 13h15.

A divisão de aviação comercial da Embraer, sua unidade mais antiga e historicamente lucrativa, foi a mais afetada com a pandemia do novo coronavírus e a queda global de viagens. A receita nesse segmento caiu 77%, para 563,9 milhões de reais no segundo trimestre.

A divisão comercial é justamente a que estava envolvida em um acordo com a Boeing para a criação de uma joint venture. A americana desistiu do acordo no final de abril deste ano, também pressionada por causa da demora em conseguir reabilitar seu avião 737 MAX, envolvido em dois acidentes entre o final de 2018 e o início de 2019 que mataram seus 346 passageiros. 

Para a Embraer ficou uma conta de 485 milhões de reais com os preparativos da divisão. Agora, com a pandemia do novo coronavírus, a dúvida fica mais latente — qual é o futuro da companhia?

A fabricante de aeronaves teve ebitda ajustado negativo em 624,4 milhões e prejuízo líquido de 1,683 bilhão de reais no segundo trimestre, revertendo resultado positivo de 26,1 milhões no mesmo período de 2019.

Outro grande impacto no resultado foram os itens especiais mas sem efeito caixa de 1,07 bilhão de reais. O valor inclui gastos de 83,7 milhões de reais em de provisão adicional para perdas de crédito esperadas durante a pandemia, 473,6 milhões de reais de impairment, ou revisão do valor dos ativos, na aviação comercial, entre outros. 

Incerteza na volta das viagens

No segundo trimestre, a empresa entregou quatro aeronaves comerciais, nove no ano. No primeiro semestre do ano passado, foram 27. Agora, o presidente, Francisco Gomes Neto, afirma que aos poucos as companhias aéreas estão retomando as viagens comerciais - e os pedidos de novas aeronaves. A fabricante brasileira de aeronaves ressalta que, mesmo na pandemia, não houve nenhum cancelamento nas entregas de aeronaves comerciais. 

“O relacionamento com nossos clientes continua forte. Agora vamos atuar para entender melhor as necessidades e desafios dos parceiros”, diz Neto em teleconferência com investidores.

Desde junho, a divisão comercial também tem um novo presidente. Arjan Meijer, vice-presidente dessa unidade, assumirá o cargo de John Slattery.

E agora? Sem a parceria com a Boeing, a Embraer tenta reestruturar sua divisão comercial. Novas parcerias podem estar no radar da fabricante brasileira. "Com o fracasso do negócio com a Boeing, novas parcerias potenciais com outros fabricantes continuam sendo a principal chance de ganho", diz relatório do BTG. 

Outras divisões

Além da divisão comercial, a empresa também atua com aviação executiva, defesa e segurança e serviços. Embora a margem operacional da empresa como um todo tenha sido negativa em 63,6%, e a margem bruta consolidada tenha caído 14,4% para 3,1% no segundo trimestre do ano, as margens em serviços e aviação executiva estão perto do breakeven, ou equilíbrio. 

Um destaque é a aviação executiva. No trimestre foram entregues 13 jatos, contra 25 no mesmo período do ano anterior. Em abril, o tráfego aéreo da aviação executiva estava 65% abaixo do que no mesmo período do ano passado, mas em junho a queda era de 23% e a empresa espera uma recuperação completa nos próximos meses. "Temos confiança de que teremos entregas muito mais fortes na segunda metade do ano", afirma Antonio Garcia, diretor financeiro.

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoEmbraerResultadoViagens

Mais de Negócios

O negócio que ele abriu no início da pandemia com R$ 500 fatura R$ 20 milhões em 2024

10 mensagens de Natal para clientes; veja frases

Ele trabalhava 90 horas semanais para economizar e abrir um negócio – hoje tem fortuna de US$ 9,5 bi

Bezos economizou US$ 1 bilhão em impostos ao se mudar para a Flórida, diz revista