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Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2011 às 18h47.
São Paulo - Oferecer produtos de grife a preços camaradas parecia uma fórmula óbvia para o sucesso do Outlet Premium São Paulo - o primeiro do Brasil a focar em artigos de luxo. Situado a 72 quilômetros de São Paulo, no município paulista de Itupeva, o empreendimento foi inaugurado no final de junho.
Mas mesmo o otimismo dos seus idealizadores foi superado pelos números dos quatro primeiros meses de atividade. "As vendas estão 60% acima do que projetamos", afirma Alessandro Veronezi, presidente e diretor de Relações com Investidores da General Shopping, empresa que detém 30% do centro de compras. "Para alguns lojistas, as vendas chegam a ser 150% maiores do que esperávamos", diz.
Para Veronezi, o desempenho mostra o tamanho da demanda do mercado brasileiro por esse tipo de canal de vendas. "Há uma grande carência de outlets de luxo", afirma. Além disso, os descontos de até 80% no preço dos produtos são um poderoso chamariz para um público que não freqüentaria as lojas tradicionais das grifes.
Composto sobretudo por consumidores da classe B, o outlet também foi beneficiado pela melhoria do poder aquisitivo da população, além da oferta cada vez maior de crédito. É isso que encoraja os freqüentadores a gastar de 1.200 a 1.500 reais, em média, por visita ao Outlet Premium.
Pelos quase 18.000 metros quadrados do shopping, estão espalhadas 90 lojas de marcas tão badaladas como Diesel, Armani, Hugo Boss, Ricardo Almeida e Calvin Klein. O potencial dos negócios já fora demonstrado durante a fase de projeto, quando o shopping, inicialmente pensado para abrigar 68 lojas, foi ampliado antes mesmo da inauguração. Agora, diante dos primeiros resultados, uma nova ampliação pode ser realizada. "O projeto original prevê espaço para expansões, e isso não está descartado", afirma Veronezi.
Outras cidades
As lojas de desconto para produtos de luxo não são uma novidade nos países desenvolvidos. Somente nos Estados Unidos, há 300 outlets que movimentam cerca de 30 bilhões de dólares por ano.
Afastados dos grandes centros consumidores, esses shoppings são considerados um meio bastante adequado de as grifes desovarem coleções ultrapassadas sem arranhar seu prestígio entre os mais clientes mais endinheirados.
No Brasil, contudo, o mercado comportaria um número bem mais modesto de outlets. "Aqui, há espaço para, no máximo, seis outlets", afirma Veronezi. A General Shopping já prospecta outras cidades em que o modelo pode ser replicado. O executivo preferiu, porém, não detalhar quais seriam, ou suas características. "É uma fórmula que requer muito cuidado para ser repetida no Brasil", diz.
A primeira dificuldade é a concentração dos endinheirados no país. "São Paulo responde por 80% da demanda", afirma o consultor Luis Henrique Sampaio, especializado no mercado de luxo. Além disso, para não disputar espaço com as lojas tradicionais, os outlets costumam ser erguidos em cidades próximas aos grandes centros consumidores.'
Para Sampaio, as cidades em ascensão no comércio de artigos de luxo são o Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. Assim, seria necessário prospectar terrenos em cidades próximas a essas para instalar um outlet.
Além da dificuldade em encontrar cidades adequadas, Veronezi também cita a capacidade de os lojistas atenderem à demanda. Artigos de luxo, como o próprio conceito indica, não são propriamente produzidos em massa. Por isso, algumas marcas podem não participar de futuros empreendimentos. "As marcas com maior potencial são as que conseguem atender a uma demanda maior", diz.
O projeto é uma parceria da General Shopping e da Senpar, dona do terreno onde foi erguido e também proprietária do Shopping Serra Azul. Pelo acordo, a General Shopping, hoje com 30% do outlet, pode comprar mais 20% de participação. Encorajada pelos resultados, é provável que a empresa exerça seu direito. "Queremos e estamos preparados para adquirir uma nova fatia do projeto", diz Veronezi.
Números
A General Shopping também divulgou os resultados do terceiro trimestre. A receita líquida cresceu 25% sobre o mesmo período do ano passado, para 25,7 milhões de reais. Já o resultado final foi revertido de um prejuízo de 8,9 milhões de reais para um lucro de 4,2 milhões na mesma comparação. No acumulado de nove meses até setembro, a receita líquida somou 71,4 milhões de reais – um acréscimo de 22,4% -, e o lucro atingiu 16,9 milhões, ante perdas de 11,1 milhões no terceiro trimestre de 2008.
Para Veronezi, o crescimento das receitas e o controle de custos e despesas foram os principais responsáveis pelo resultado. A companhia passou a contabilizar as vendas de empreendimentos que foram ampliados, como os shoppings Suzano e Internacional, além do Outlet, recém-inaugurado. Com isso, as receitas com aluguéis subiram de 17,8 milhões para 22,5 milhões de reais entre o terceiro trimestre de 2008 e este. "Crescemos mais do que o setor varejista nesse período", diz o executivo.
Outra fonte de receitas da companhia é a prestação de serviços nos shoppings que detém. Por meio de subsidiárias, a empresa também é responsável pelo abastecimento de energia, água e serviços de estacionamento dos centros de compra. Essas receitas totalizaram 5,9 milhões no último trimestre, ante 4,5 milhões na comparação.