Planta de energia eólica (Casa dos Ventos /Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 2 de setembro de 2024 às 11h00.
O aço da ArcelorMittal se faz presente em toda parte – desde o prédio mais alto do mundo (o Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes) até ferrovias, carros, metrôs, pontes e estádios de futebol brasileiros. Resistente e infinitamente reciclável, o material formado pela liga metálica do ferro com o carbono é, por si só, parte fundamental na transição para uma economia de baixo carbono. Mas, a produção siderúrgica ainda enfrenta desafios para atender às novas metas globais de descarbonização.
Atualmente, cerca de 7% das emissões globais dos gases de efeito estufa vêm da indústria do aço. No Brasil a participação das emissões é de 4%. Para minimizar esses impactos, a ArcelorMittal – maior produtora de aço no Brasil – vem realizando uma série de iniciativas com o intuito de alcançar a meta de neutralidade de emissões de carbono até 2050. Entre essas iniciativas estão o aumento do uso de sucata metálica; diversificação de sua matriz energética com fontes renováveis, eficiência energética, e compensação de emissões remanescentes.
Os aportes em projetos de energia renovável vão atingir um total de R$ 5,8 bilhões nos próximos anos e serão aplicados em três projetos. O principal objetivo é assegurar energia limpa e descarbonizar uma parte considerável das operações da empresa no Brasil.
O primeiro deles, anunciado no ano passado, é uma joint venture com a Casa dos Ventos, uma das maiores desenvolvedoras de projetos e operadoras de energia eólica no Brasil. Considerado o maior acordo corporativo de energia renovável firmado no país, ele prevê investimentos de R$ 4,2 bilhões para a construção e a operação do Complexo Eólico Babilônia Centro, que terá 553,5 MW de capacidade instalada nos municípios de Morro do Chapéu e Várzea Nova, na Bahia. Em janeiro deste ano foi anunciada ainda a liberação de financiamento da ordem de R$ 3,16 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao complexo, o que corresponde a 80% do valor total do investimento.
Em agosto deste ano, a parceria com a Casa dos Ventos foi ampliada e uma nova joint venture foi criada para tornar híbrido o Complexo Eólico Babilônia Centro, viabilizando a instalação de uma planta fotovoltaica junto ao empreendimento eólico.
Outro projeto anunciado foi com a Atlas Renewable Energy, com o aporte de R$ 895 milhões na construção do Parque Luiz Carlos, de energia solar, em Paracatu, município do noroeste de Minas Gerais. A produção prevista é de 69 MW médios/ano e potência instalada de 269 MW. As duas novas plantas de energia solar terão capacidade de geração de 113 MW médios/ano, o que representará 14% do consumo atual de energia elétrica das unidades da ArcelorMittal no Brasil.
“Os projetos nos preparam para o futuro, garantindo que possamos atender nossas necessidades de energia no longo prazo de forma responsável, sustentável e com redução de custos”, destaca Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM.
A meta da ArcelorMittal é utilizar 100% de fontes renováveis de energia elétrica até 2030. Os primeiros passos para alcançar o desafio já foram dados. Em 2023, a empresa atingiu a autoprodução de 61% de energia.
“Além de garantir o suprimento das plantas industriais com fonte própria de energia renovável, os investimentos visam a diversificação da matriz energética, a redução dos custos operacionais e o aumento da nossa competitividade”, afirma Jefferson De Paula.
Outros esforços estão em projetos que garantam a produção sustentável do aço. Exemplo disso é o fato de todas as unidades da ArcelorMittal contarem com sistemas de recuperação de calor e reaproveitamento dos gases provenientes dos processos produtivos.
Localizada no município de Serra (ES), a planta de Tubarão – maior usina do Grupo ArcelorMittal no Brasil – é autossuficiente em energia desde 1999, contribuindo para diminuição da demanda no sistema elétrico nacional.
Em 2018, a unidade aderiu ao primeiro ciclo do Programa Aliança – iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Eletrobras e a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
A empresa, inclusive, é pioneira no uso do gás natural em substituição ao carvão nos altos-fornos. Por meio desta medida, a ArcelorMittal produziu seus primeiros certificados de aço para o mercado em 2023, dentro de seu programa XCarb.
“Vimos que o gás poderia ser usado no aquecimento de alto-forno, substituindo o carvão e o coque de carvão. Com isso, não só melhoramos a nossa eficiência como também avançamos em nossa estratégia de descarbonização”, diz Fabrício Assis, diretor de Produção de Gusa e Energia da unidade de Tubarão da ArcelorMittal.
Como parte do Plano Diretor de Eficiência Energética, a empresa também implementou, em Tubarão, mudanças como o aumento da recuperação e energia para uso de vapor para turbinas de geração elétrica, a substituição de luminárias de ruas e prédios e a instalação de sistema de geração de energia solar em um de seus estacionamentos.
Desde 2012, a ArcelorMittal Brasil possui uma comercializadora de energia – a AMCEL –, com o intuito de aprimorar sua gestão do insumo, criar oportunidades de redução de custo de energia e melhorar a autogeração, além de investir na implementação de projetos inovadores de eficiência energética.
A ArcelorMittal conta com centrais hidrelétricas que são responsáveis pelo abastecimento de parte da energia consumida pelas plantas industriais. O restante é comprado no mercado em contratos de longo e médio prazos e spot, por meio de uma gestão que busca a ecoeficiência e a competitividade para o negócio.
Como alternativa energética, a unidade de Juiz de Fora faz uso do carvão vegetal, que é utilizado como agente redutor do minério de ferro em seus altos-fornos.
Outro passo rumo à descarbonização foi dado pela ArcelorMittal no ano passado, com a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Hoje, a unidade do Pecém da ArcelorMittal traz a oportunidade de se criar um centro de produção de aço de baixo carbono na região. A estratégia anda lado a lado com a ambição do estado do Ceará de desenvolver um centro de hidrogênio verde de baixo custo em Pecém.
“Além da recente aquisição da unidade, temos vários projetos downstream de crescimento orgânico em andamento que ampliam nossa presença e aprimoram nossa capacidade de produzir produtos de maior valor agregado”, destaca Jefferson De Paula.
Esses planos de expansão, diz o executivo, levarão a um aumento natural das necessidades energéticas da empresa. “Esses projetos nos preparam para o futuro, garantindo que possamos atender nossas necessidades de energia no longo prazo de forma responsável, sustentável e com redução de custos.”