Capa de Pantera Negra (Black Phanter/Facebook/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 4 de janeiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 12 de março de 2019 às 16h43.
Apesar das ameaças dos serviços de streaming e da sensação geral de que não existem ideias novas em Hollywood, 2018 foi o melhor ano da história da indústria cinematográfica, e os EUA encabeçaram o total de quase US$ 42 bilhões em vendas globais de ingressos.
As receitas de bilheteria nos EUA bateram um novo recorde ao subir 7 por cento, para um total estimado em US$ 11,9 bilhões, segundo a Comscore. Trata-se de uma reviravolta em relação a 2017, quando as vendas de ingressos na América do Norte caíram 2,3 por cento e despertaram o receio de que os consumidores tivessem desistido de ir ao cinema.
"O verdadeiro crescimento neste ano foi na América do Norte", disse Paul Dergarabedian, analista sênior de mídia da Comscore.
A hipótese de que as pessoas tinham cansado das continuações dominou as tentativas de explicar por que 2017 foi tão ruim, mas as refilmagens e sequências foram os filmes que mais ganharam dinheiro em 2018. Entre eles, "Jurassic World: Reino Ameaçado", da Universal Pictures, que ficou em terceiro lugar globalmente, e "Os Incríveis 2", da Walt Disney, na quarta posição.
Todos os dez filmes mais populares do ano nos EUA foram filmes de super-heróis ou continuações e, em vários casos, ambas as coisas. "Pantera Negra", da Disney, ficou no topo da lista norte-americana, com US$ 700 milhões em vendas, seguido de perto por "Vingadores: Guerra Infinita", da mesma empresa, o terceiro filme dessa série de super-heróis, que teve o melhor desempenho mundialmente.
Os fãs gostaram de vários filmes ao longo do ano, de acordo com Phil Contrino, diretor de pesquisa da Associação Nacional de Proprietários de Cinemas. "Pantera Negra" disparou em fevereiro, as vendas no terceiro trimestre aumentaram, e o impulso continuou no quarto trimestre com sucessos como "Nasce uma Estrela" e "Bohemian Rhapsody". A proporção de pessoas com 18 a 34 anos de idade que foi ao cinema subiu levemente para 48 por cento das bilheterias, o que indica que até mesmo os jovens mais experientes com a tecnologia continuam adeptos da experiência tradicional.
Embora 2018 tenha tido um final feliz, os executivos de cinemas ainda têm motivos de preocupação - o número de ingressos vendidos continua bem abaixo do pico mais recente, registrado em 2002. O preço médio dos ingressos subiu cerca de 1,7 por cento neste ano, de acordo com o grupo de proprietários de cinemas, que estima que o público cresceu cerca de 5 por cento.
O ano que vem trará mais continuações, como "Uma Aventura Lego 2", "Toy Story 4" e um filme "Jumanji" que ainda não tem nome.
O forte desempenho de "Aquaman", filme da Warner Bros. que liderou as bilheterias dos EUA no último final de semana e faturou mais de US$ 400 milhões globalmente, deve respaldar a decisão da AT&T de explorar seus recém-adquiridos personagens da DC Comics. Entre os filmes de super-heróis que serão lançados no ano que vem estão "Capitã Marvel" e "Vingadores: Ultimato", ambos da Disney, além de "Homem-Aranha: Longe de Casa", da Sony, e "Fênix Negra", da Fox, que faz parte da franquia X-Men.
Hollywood se arriscou em 2018 com super-heróis que eram menos famosos. "Pantera Negra", com um elenco majoritariamente afro-americano, pode se tornar o primeiro filme de super-herói a ser indicado ao Oscar de melhor filme. A Sony lançou "Venom", um filme derivado do universo do Homem-Aranha, e "Homem-Formiga e a Vespa", da Disney, provou que esses personagens têm apelo próprio, já que arrecadaram quase US$ 623 milhões em vendas de ingressos em todo o mundo.