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Os detalhes do novo plano que promete salvar a Petrobras

Nova estratégia contempla redução de dívida e pesados cortes em aportes e custos


	Petrobras: estatal quer levantar 19,5 bilhões de dólares com a venda de ativos nos próximos dois anos
 (Ueslei Marcelino/ Reuters)

Petrobras: estatal quer levantar 19,5 bilhões de dólares com a venda de ativos nos próximos dois anos (Ueslei Marcelino/ Reuters)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 21 de setembro de 2016 às 05h32.

São Paulo - O plano de negócios da Petrobras para os próximos cinco anos, divulgado nesta terça-feira (20), contempla redução de dívida e pesados cortes em aportes e custos.

Dentro da nova estratégia que promete salvar a gigante da crise, ganharam destaque os desinvestimentos. A estatal quer levantar 19,5 bilhões de dólares com parcerias e vendas de ativos entre 2017 e 2018.

O desafio é grande. A cifra é 29% superior à estipulada para o período 2015-2016, de 15,1 bilhões de dólares, dos quais apenas um terço já foi de fato embolsado. Mas a meta para o primeiro biênio pode ser atingida, pelo menos na avaliação do BTG Pactual.

Isso deve acontecer com a venda da Nova Transportadora Sudeste (já acordada, mas ainda sob aprovação, por aproximadamente 5,2 bilhões de dólares) e também da Liquigás, da Nova Transportadora do Nordeste e de unidades petroquímicas (todas em negociação, por algo em torno de 560 milhões, 700 milhões e 5 bilhões de dólares, respectivamente), diz o banco em relatório enviado aos clientes.

A companhia já conseguiu se desfazer da Gaspetro (que rendeu cerca de 540 milhões dólares), de ativos no Chile a Argentina (que valiam 464 milhões e 892 milhões de dólares, respectivamente) e da área de exploração Carcará (por 2,5 bilhões de dólares).

Já os desinvestimentos para os próximos dois anos, prevê o BTG, devem abranger a aguardada venda da BR Distribuidora (que pode alcançar 3 bilhões de dólares), da fatia na Braskem (estimada em 2,5 bilhões de dólares), de usinas térmicas (4 bilhões de dólares) e de campos de petróleo (1 bilhão de dólares). Além desses, seriam necessários outros 9 bilhões de dólares em ativos para fechar a conta.

Ao enxugar a operação, a Petrobras fortalecerá seu negócio principal – a exploração de petróleo – e conseguirá recursos para diminuir seu alto endividamento, de 398 bilhões de reais.

Conforme o novo plano, sua alavancagem poderá ser reduzida pela metade. A relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), que em 2015 ficou em 5,3 vezes, deve cair para 2,5 vezes.

Também vão contribuir para a saúde financeira o corte de 18% nos gastos – que deve ser atingido com a implantação do modelo de gestão Orçamento Base Zero, adotado pela Ambev – e a esperada geração de caixa operacional após dividendos de 158 milhões dólares entre 2017 e 2018.

Nas palavras de Pedro Parente, presidente da empresa, durante esse tempo, os esforços estarão concentrados "na recuperação da solidez financeira da Petrobras, como uma empresa integrada de energia que tem foco em óleo e gás", disse em comunicado.

Para onde vai o dinheiro?

A Petrobras vai ainda aportar menos recursos em seu negócio entre 2017 e 2021. Os investimentos previstos para o intervalo somam 74,1 bilhões de dólares, número 25% abaixo dos 98,4 bilhões que constavam na última revisão do plano para 2015-2019, divulgada em janeiro.

A maior parte do montante (82%) irá para a exploração de petróleo.

As estimativas para a produção, porém, não sofreram impactos relevantes. A empresa diz que entregará 3,41 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2021, 2,77 milhões deles só no Brasil.

A combinação de menos dinheiro aplicado com ritmo de produção constante parece inconsistente, mas, na visão do BTG Pactual o otimismo se dê à expectativa de mudanças nas regras de "conteúdo local".

A regulamentação, que exige o uso de bens e serviços nacionais na retirada e processamento do petróleo, pode ser flexibilizada, permitindo que a estatal construa instalações fora do país.

Não por acaso, nesta terça-feira, a companhia pediu autorização à ANP (Agência Nacional de Petróleo) para contratar a plataforma do sistema piloto de Libra, que fica no pré-sal da Bacia de Santos, no exterior.

"No horizonte total dos cincos anos desse planejamento, a nossa proposta é que a empresa tenha sido saneada, tenha padrões de governança e ética inquestionáveis para sustentar uma produção crescente, mas realista, e capaz de investir e se posicionar nos processos de transição por que passa o mercado de energia no mundo”, resumiu Parente.

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