Negócios

Os altos e baixos do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual

Empresário, preso na manhã de hoje como parte da Operação Lava Jato, é sócio de muitas empresas, transformou o BTG no maior banco de investimento da AL


	André Esteves, do BTG: dificuldades por investimentos em empresas nos setores de petróleo e construção
 (JONNE RORIZ/AGÊNCIA ESTADO/EXAME)

André Esteves, do BTG: dificuldades por investimentos em empresas nos setores de petróleo e construção (JONNE RORIZ/AGÊNCIA ESTADO/EXAME)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 26 de novembro de 2015 às 11h13.

São Paulo - O banqueiro André Esteves, preso na manhã desta quarta-feira, em operação da Polícia Federal, já foi o bilionário mais jovem do país ao transformar  o BTG Pactual no maior banco de investimento independente da América Latina.

No entanto, o empresário passa hoje por tempos difíceis. 

Citado em fevereiro pelo doleiro Alberto Youssef em delação premiada da Operação Lava Jato, Esteves teria investido na empresa de postos de gasolina Derivados do Brasil, a DVBR, segundo a revista Época.

A companhia firmou parceria com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras e, segundo o doleiro Youssef, houve pagamento de propina de 6 milhões de reais na sociedade, que está sendo investigada.

O banco BTG Pactual esclareceu, na época, “que o investimento na Derivados do Brasil foi feito pela BTG Alpha Participações, uma companhia de investimento dos sócios da BTG, e não pelo Banco BTG Pactual”.

Em junho, Esteves voltou a aparecer nas investigações. O seu nome estava em um bilhete de Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira que leva seu nome. O bilhete, escrito da prisão, pedia para “recuperar iniciativa de André Esteves” e “destruir email de sondas”.

Além dele, também foram presos o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o advogado Edson Ribeiro, que atuou para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcidio do Amaral.

Milhões perdidos

A prisão de Esteves é o revés mais recente do banqueiro. Ele enfrenta dificuldades há dois anos por conta de investimentos do banco em empresas no setor de petróleo.

Seus problemas começaram em 2013, quando o império de Eike Batista começou a desmoronar. Na época, a fortuna de Esteves caiu 1,3 bilhões de dólares, depois que o BTG firmou acordo com a EBX, controladora da OGX.

Logo depois, o banco cancelou um empréstimo de 1 bilhão de dólares às empresas de Eike.

Este ano, a crise piorou. Em março, a sua fortuna havia caído 650 milhões de dólares, 19%. É a maior perda entre os banqueiros, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

A queda está relacionada ao escândalo de corrupção da Petrobras. O banco BTG Pactual enfrenta dificuldades por conta empréstimos e investimentos em companhias afetadas pelo escândalo da petroleira. 

No início do ano, Esteves tentou acalmar investidores, afirmando que apenas 4% de sua carteira de crédito estava no setor de petróleo e gás – 40% desse valor garantido pela Petrobras.

Os empréstimos para o setor de construção, por sua vez, estavam concentrados em empresas de grande porte. Por isso, o banco não seria tão impactado pela crise que atinge esses setores.

Mesmo assim, o Deutsche Bank AG cortou ações do BTG, afirmando que o banco tem a maior exposição entre os brasileiros a empresas dos setores de petróleo e de construção envolvidas na Operação Lava Jato.

Um dos exemplos é a Sete Brasil, empresa da qual é sócio ao lado do Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander.

A companhia de fabricação de sondas de petróleo teve investimentos pesados do BTG, que apostava no sucesso da exploração do pré-sal. 

No entanto, a situação da Sete Brasil só piora, desde a crise da Petrobras, sua maior parceira de negócios.

"Vamos agora tentar fazer o cadáver ressuscitar, vamos dar choque elétrico no peito e vamos ver se reestrutura", completou, bem-humorado", disse Esteves em uma entrevista recente

Ambição Meteórica

Com boa relação tanto com políticos, quanto com empresários, André é considerado um dos banqueiros mais influentes do Brasil. 

Ele se graduou em ciências da computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Começou sua carreira em 1989, com 21 anos, quando ingressou no então Banco Pactual.

Seu primeiro cargo foi de analista de sistemas. Quatro anos depois, se tornou sócio da instituição. Quando o banco suíço UBS comprou o pactual, por 2,6 bilhões de dólares, Esteves tornou-se o CEO do UBS Pactual. 

Em 2008, vendeu a sua participação no banco suíço por 3,1 bilhões de reais. De volta ao Brasil, fundou a BTG.

Um ano depois, recomprou o Pactual por 2,5 bilhões de dólares, quando o UBS enfrentou dificuldades. Nasceu, então, o BTG Pactual. 

Esteves também é membro do conselho da BM&FBovespa e da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), além de membro do Conselho Latino Americano da Harvard Business School, do Conselho da Fundação Estudar e do Conselho Global da Conservation International (CI).

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