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Operador da Petrobras se declara culpado por lavagem de dinheiro nos EUA

Pacto faz parte de um acordo de cooperação assinado por uma figura-chave na investigação da operação Lava Jato

Lava Jato: escândalo derrubou presidentes em dois países e enviou mais de 130 políticos e empresários para a cadeia em toda a América Latina (Paulo Witaker/Reuters)

Lava Jato: escândalo derrubou presidentes em dois países e enviou mais de 130 políticos e empresários para a cadeia em toda a América Latina (Paulo Witaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 10h08.

Houston - Um ex-operador de petróleo com base nos Estados Unidos e procurado no Brasil por causa de um esquema de suborno de milhões de dólares envolvendo as tradings Vitol, Glencore e Trafigura concordou em se declarar culpado pelo crime de lavagem de dinheiro nos EUA, mostraram registros judiciais.

O pacto faz parte de um acordo de cooperação assinado por uma figura-chave na investigação da operação Lava Jato, que apura casos de corrupção na Petrobras, segundo pessoas a par do assunto. Esse escândalo derrubou presidentes em dois países e enviou mais de 130 políticos e empresários para a cadeia em toda a América Latina.

Rodrigo Garcia Berkowitz, que trabalhou como trader para a Petrobras em Houston até o ano passado, evitou um indiciamento e se ofereceu para se declarar culpado na acusação, de acordo com documentos arquivados no Tribunal Distrital dos Estados Unidos no Brooklyn. O tribunal aceitou o pedido e determinou a sentença para 13 de setembro.

Berkowitz está entre 12 ex-funcionários da Petrobras e intermediários acusados em dezembro de conexão com um esquema em que, segundo investigadores brasileiros, Vitol, Glencore e Trafigura baixavam os preços do petróleo e de serviços e, em seguida, partilhavam os ganhos decorrentes dessa ação. As atividades aconteceram entre 2011 e 2014.

A Vitol se recusou a comentar o acordo, acrescentando que tem uma política de tolerância zero para suborno e corrupção e coopera totalmente com as autoridades relevantes. A Petrobras disse que demitiu Berkowitz e está trabalhando com promotores no Brasil.

A Glencore, que não pôde ser contatada imediatamente para comentar, disse no passado que estava cooperando com as autoridades brasileiras. A Trafigura disse que levou as acusações a sério.

Nos documentos relacionados à lavagem de dinheiro não há menção a Berkowitz. O caso é contra John Doe, um pseudônimo que os promotores às vezes usam para manter os nomes dos indivíduos envolvidos em uma investigação fora dos olhos do público.

Mas Berkowitz assinou seu nome em uma aplicação para se declarar culpado que foi arquivada com registros judiciais. O pedido foi aprovado pelo juiz Raymond Dearie, do tribunal federal do Brooklyn.

Kent Schaffer, um dos principais advogados de defesa criminal de Houston, que assinou documentos judiciais para representar John Doe, confirmou que Berkowitz é o indivíduo mencionado nos documentos. Ele se recusou a dar mais comentários.

Berkowitz, que mora nos Estados Unidos, tem cooperado com os promotores de Nova York, que abriram uma investigação sobre as alegações, disseram as pessoas a par do assunto.

John Marzulli, porta-voz do procurador Richard Donoghue, do Distrito Leste de Nova York, não quis comentar.

Os subornos supostamente pagos a membros internos da Petrobras passaram por contas bancárias nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Suíça e Uruguai, disseram autoridades brasileiras, abrindo caminho para que promotores norte-americanos investiguem violações das leis norte-americanas de lavagem de dinheiro.

O escritório de advocacia dos Estados Unidos para o Distrito Leste de Nova York, que acertou o acordo com Berkowitz, trabalhou lado a lado com os promotores brasileiros na Lava Jato no passado. No final de 2016, eles negociaram em conjunto com a construtora Odebrecht para chegar a um acordo que resultou em uma multa de 2,6 bilhões de dólares.

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