Produção de petróleo (Nick Oxford/File Photo/Reuters)
Juliana Estigarribia
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 15h54.
Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 17h26.
Após dias de discussões, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados decidiram nesta quinta-feira, 03, elevar os níveis de produção em 500.000 barris por dia (bpd) a partir de janeiro, em uma reunião com divergências entre os participantes.
Os maiores produtores do grupo, Arábia Saudita e Rússia, devem ter os volumes mais expressivos de aumento de produção.
Segundo especialistas, o acordo já vinha falhando porque produtores com menos fôlego estavam aumentando os níveis de produção fora do acordo.
O grupo teria optado por elevar os níveis de produção para impedir um avanço do shale gas americano, que vem se recuperando com a estabilidade das cotações acima do patamar de 40 dólares por barril.
"Manter os cortes por mais tempo abriria espaço para a produção americana avançar, esse foi o motivo inicial da guerra de preços no mercado global", afirma Marcelo Assis, chefe de pesquisa da consultoria especializada Wood Mackenzie América Latina na área de upstream.
Inicialmente, a ideia era de que a produção avançasse pelo menos em 2 milhões de bpd, mas devido à fragilidade da recuperação do mercado global, impactado pela covid-19, o grupo teria mudado de ideia.
É esperado que o acordo mantenha uma certa estabilidade do mercado ao menos no primeiro trimestre de 2021. Para Assis, só deve ocorrer uma queda dos preços se os níveis de estoques voltarem a subir como aconteceu há alguns meses.
A indústria global amargou uma queda sem precedentes no início da pandemia, com preços dos contratos futuros chegando a operar no terreno negativo pela primeira vez na história. Com isso, o grupo se viu obrigado a reduzir a produção em 9,7 milhões de barris por dia para tentar minimizar os estragos.