Corte nos investimentos da Opep: vários membros da Opep enfrentam déficits, enquanto lutam por fatia de mercado, em vez de reduzir a produção para tentar segurar os preços (Joe Klamar/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2015 às 08h46.
Londres - Os investimentos globais de petróleo devem ser cortados em US$ 130 bilhões neste ano, reduzindo a oferta e consequentemente impulsionando os preços, afirmou o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdalla Salem el-Badri, nesta terça-feira.
A autoridade disse ainda estar aberto a discussões com os Estados Unidos sobre o recente cenário no mercado da commodity.
A declaração é feita no momento em que vários membros da Opep enfrentam déficits, enquanto lutam por fatia de mercado, em vez de reduzir a produção para tentar segurar os preços.
Falando na conferência Oil and Money, em Londres, el-Badri disse que os investimentos globais em projetos de petróleo serão reduzidos em 22,4%, para US$ 521 bilhões, em 2015. "Menos oferta no futuro muito próximo. Menos oferta significa preços mais altos", afirmou.
Também falando em entrevista à imprensa, o diretor da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, que representa os consumidores de petróleo, disse esperar que os investimentos recuem em 20% neste ano, "a queda mais alta na história".
O secretário-geral da Opep disse que o consumo do petróleo também estava recebendo um impulso diante dos preços mais baixos, com a demanda global provavelmente avançando em 1,3 milhão de barris ao dia neste ano.
"Nós não estamos transtornados", disse el-Badri. "Vemos certa luz no fim do túnel", acrescentou, dizendo que os mercados de petróleo devem se reequilibrar dentro de um ano e meio a dois anos.
A Opep tem lançado uma batalha para manter sua fatia de mercado, enquanto a produção dos EUA se mantém relativamente resistente, apesar dos preços mais baixos. El-Badri disse estar aberto a conversar com os EUA, apesar da natureza fragmentária da produção norte-americana, que dificulta um diálogo do tipo.
"Se a situação de agora é um problema para todos nós, incluindo os EUA, vamos conversar", afirmou o chefe da Opep. Mas uma negociação com "200 pessoas, isso não é possível", afirmou, referindo-se ao grande número de produtores do país.
A Opep já tem realizado consultas reguladores com outras nações, como a Rússia. Além disso, el-Badri disse que convidou especialistas de países produtores de fora do cartel para debater o mercado atual, no próximo mês.