William Landers, do BlackRock: não acredito em bolha no mercado financeiro e no setor de construção civil, a demanda ainda vai continuar forte (Ricardo Correa/EXAME)
Daniela Barbosa
Publicado em 21 de junho de 2011 às 09h33.
São Paulo – A BlackRock, maior gestora de fundos de investimentos do mundo, tem no Brasil a maior parte dos seus ativos alocados dentro da América Latina e não para de fazer investimentos. Anúncios de aumento de participação em diversas companhias foram recorrentes nos primeiros seis meses do ano. O destaque fica com setores, como o de construção civil, financeiro e companhias ligadas ao setor de commodities.
São esses os setores também preferidos por Will Landers, gestor da BlackRock, que administra cerca de 11 bilhões em investimentos na América Latina. “Dos ativos que temos na América Latina, mais de 70% estão no Brasil”, disse Landers em entrevista a EXAME.com.
Nomes como ItaúUnibanco, Bradesco, Petrobras, Vale e PDG estão entre as maiores apostas do investidor. “Não acredito em bolha no mercado financeiro e no setor de construção civil, a demanda ainda vai continuar forte, sustentada, principalmente, pelo aumento de renda e oferta de empregos”, disse.
Para Landers, a indicação de Murilo Ferreira para presidir a Vale foi positiva, principalmente porque a companhia poderá fazer investimentos em novos projetos. “Já a Petrobras perdeu um pouco brilho no ano passado, mas continua sendo a terceira maior dentro dos ativos brasileiros da Blackrock”, afirmou o gestor.
O último passo anunciado da BlackRock, no Brasil, foi o aumento de participação na Gafisa, que passou a ser de 5,1%, de acordo com comunicado da própria construtora, divulgado no início do mês de junho.
Além da Gafisa, a BlackRock elevou participação também na Embraer, ItaúUnibanco, Totvs, Rossi e Bradespar neste ano. De acordo com André Turquetto, diretor da BlackRock na América Latina e Região Ibérica, a meta é continuar crescendo em volume.
Atualmente, na América Latina, Landers tem participação em 60 empresas, dessas 38 são companhias brasileiras. Comprar controle de companhias, no entanto, como faz o Grupo Carlyle, está totalmente fora dos planos da Blackrock no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo.
“Não tem objetivo de alterar o controle acionário ou a estrutura administrativa das empresas. Compramos ações para compor o portfólio, de acordo com o potencial de cada papel”, disse Turquetto.
Panorama
A BlackRock administra 3,6 trilhões de dólares em ativos no mundo. A américa Latina, desse montante, representa 2,5%. Apesar do dólar desvalorizado, o país é ainda assim um dos mais baratos para se investir na América Latina. Isso porque, o Brasil tem a menor inflação na comparação com os demais países latinos.
Hoje, no Brasil, a BlackRock oferece apenas fundos de gestão passiva, os chamados iShares - fundos atrelados a índices e cujas cotas são negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.
Veja algumas das principais participações da BlackRock nas companhias brasileiras
ItaúUnibanco 7,1%
Gafisa 5,1%
Embraer 4,96%
Gol 4,79%
Totvs 5,13%
Bradespar 15,65%
Rossi 5,17%
BrMalls 5,03%
Usiminas 5%
Petrobras 5,1%
Cyrela 5,3%