Negócios

Onda de fusões na mineração: o que isso significa para o setor?

Empresas consideram fusões como parte de sua estratégia de posicionamento na transição energética

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 08h57.

Especulações sobre a fusão de duas gigantes do setor de mineração, a anglo-australiana Rio Tinto e a suíça Glencore, têm dominado o noticiário neste começo de 2025. Na semana passada, a Bloomberg informou que as companhias estavam em estágios iniciais de negociação de uma fusão. A Reuters, por sua vez, publicou que a Glencore havia abordado a Rio Tinto no final do ano passado para discutir a possibilidade de fusão dos negócios. Segundo a agência, as conversas não estariam mais acontecendo.

Uma possível fusão entre a Rio Tinto, a segunda maior mineradora do mundo, e a Glencore, uma das maiores empresas de carvão do mundo, seria o maior negócio da história do setor de mineração. Juntas, as empresas teriam um valor de mercado de cerca de US$ 150 bilhões, ultrapassando a atual líder do setor, a BHP, que vale por volta de US$ 127 bilhões. 

Apesar do escopo gigantesco da transação, analistas de mercado ouvidos pela CNBC se mostraram céticos quanto ao potencial de sucesso da fusão. Eles apontaram que há pouca sinergia entre os negócios: enquanto a Rio Tinto é conhecida por ser conservadora, a Glencore tem reputação de ser inovadora nas suas operações. 

Do ponto de vista estratégico, a britânica poderia estar interessada nos ativos de cobre da empresa suíça, de olho na transição energética. No caso da Glencore, a transação seria um caminho para dar saída para seus grandes acionistas. Analistas apontam, no entanto, que a falta de interesse da Rio Tinto em carvão dificultaria a estruturação de uma fusão. 

Transição energética

Grandes fusões no setor de mineração têm sido consideradas pelas empresas como parte de uma estratégia para se posicionar melhor na transição energética, especialmente com a expectativa de que a demanda por certos materiais dispare nos próximos anos. Entre eles, está o cobre, um metal altamente condutor, que é necessário para alimentação de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e sistemas de armazenamento de energia.

Como tem sido complicado para as empresas de mineração iniciarem novos projetos, a aquisição de outra companhia que já explora o minério é a maneira mais rápida e eficiente de se posicionar no mercado. 

No ano passado, por exemplo, a BHP fez uma oferta de US$ 49 bilhões pela rival Anglo American. Na época, a transação fracassou devido a problemas na estrutura do negócio, mas há uma expectativa no mercado de que uma nova oferta seja feita neste ano. Antes disso, em 2023, a BHP concluiu a aquisição da OZ Minerals para reforçar seu portfólio de cobre e níquel.

Especialistas acreditam que, independentemente do sucesso ou fracasso do negócio entre a BHP e a Anglo American, as conversas sobre fusões e aquisições irão recomeçar com força total em 2025. Para eles, a oferta da BHP no ano passado serviu como um catalisador para o mercado. 

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