Loja da Oi no Rio: a Oi está focada em aumentar o fluxo de caixa, reduzir a dívida e completar a fusão com a Portugal Telecom em cinco a seis meses (Marcelo Correa / EXAME)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2013 às 11h49.
Barcelona - A Oi SA, fornecedora de serviços de telecomunicações com o segundo pior desempenho na América Latina neste ano, está aberta a uma maior consolidação no Brasil após a fusão com a Portugal Telecom SGPS, disse o CEO Zeinal Bava.
“A indústria está de acordo que consolidação é algo que melhora os retornos e ao mesmo tempo permite que as empresas de telecomunicações continuem investindo para reforçar a rede”, disse Bava, que assumiu o posto em junho, em entrevista durante uma conferência com investidores, ontem, em Barcelona.
No mês passado, a Oi entrou em acordo para se combinar com a Portugal Telecom para criar uma operadora transatlântica com quase US$ 17 bilhões em receita.
A fusão deverá gerar economia de custos e vendas adicionais de 1,8 bilhão de euros (US$ 2,4 bilhões), ajudando a nova empresa a desafiar a Telefónica SA, a Telecom Italia SpA e a América Móvil SAB no quinto maior mercado de telefonia celular do mundo, com cerca de 270 milhões de contas.
A Oi está focada em aumentar o fluxo de caixa, reduzir a dívida e completar a fusão com a Portugal Telecom em cinco a seis meses, disse Bava. A transação envolve uma venda de ações pela Oi. Para o caso de outra fusão ou aquisição, Bava não poderia descartar um novo aumento de capital no futuro, dependendo do tamanho da transação e da necessidade de financiamento.
“Eu não estou preocupado com isso agora”, disse Bava, acrescentando que não tem informação sobre qualquer negociação entre rivais no Brasil ou com reguladoras a respeito de potenciais fusões e aquisições.
Vivo, Tim
A Telefônica Brasil SA, operadora da marca Vivo, é a maior operadora de telefonia celular do país, com um valor de mercado de US$ 21 bilhões. A TIM Participações SA, unidade local da Telecom Italia, é avaliada em quase US$ 12 bilhões. Como maior acionista da Telecom Italia, a Telefónica, com sede em Madri, seria forçada a vender ativos no Brasil se assumisse o controle da operadora italiana.
Em setembro, a Telefónica entrou em acordo para ampliar sua participação no veículo que mantém 22,4 por cento da Telecom Italia sem aumentar seu direito a voto.
“Para vender o ativo nós precisaríamos receber o preço certo”, disse o CEO da Telecom Italia, Marco Patuano, a respeito da TIM, durante a mesma conferência, destacando que o ativo é “estratégico”. “Se eu tivesse que avaliar, não seria apenas o valor do cheque. A verdadeira questão é o que eu digo aos acionistas que vou fazer com o grande cheque. Você está pronto para desenhar uma estratégia no caso de receber um cheque grande?”.
‘Três prioridades’
Bava disse que reduziria os investimentos anuais da Oi e focaria em eficiência. A Oi investiu R$ 1,5 bilhão (US$ 660 milhões) nos três meses até setembro, contra R$ 2 bilhões no mesmo período do ano passado. Os custos no terceiro trimestre caíram 6 por cento, para R$ 4,96 bilhões, em relação ao período anterior de três meses.
“Eu tenho três prioridades”, disse Bava na entrevista durante a conferência, organizada pela Morgan Stanley. “Nós precisamos corrigir o assunto do fluxo de caixa; nós precisamos consolidar o modelo de negócio e aumentar a produtividade; e precisamos continuar a crescer no mercado brasileiro, onde há enormes oportunidades”.
Encolhimento do mercado
Portugal continua sendo um mercado difícil já que o país tem dificuldades para sair da crise econômica, disse Miguel Almeida, CEO da operadora de cabo Zon Optimus SGPS, em uma entrevista em separado, em Barcelona.
“O mercado português de telecomunicações continuará encolhendo pelo menos pelos próximos dois anos em termos de receitas totais, em um dígito baixo”, disse Almeida.
A Zon Optimus, criada com a combinação da operadora de TV a cabo Zon Multimedia com o negócio de telefonia celular Optimus, está buscando ganhar participação de mercado da Portugal Telecom e da Vodafone Group Plc, disse Almeida.
“O setor se estabilizará quando a economia se recuperar, mas isso levará um tempo”, disse Almeida, preferindo não fornecer previsões específicas antes que a empresa apresente um novo plano de negócios.