Negócios

Oi está mais forte, mas ainda há muito o que fazer, diz banco

A companhia criou estratégias fortes para melhorar sua situação financeira, cortar custos e melhorar eficiência

Loja da Oi em shopping no Rio de Janeiro: empresa busca novas medidas para sair da crise (Eny Miranda/Oi/Divulgação)

Loja da Oi em shopping no Rio de Janeiro: empresa busca novas medidas para sair da crise (Eny Miranda/Oi/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 18 de janeiro de 2019 às 08h00.

Abalada por disputas entre acionistas, desconfiança do mercado e enormes dívidas, a empresa de telecomunicação Oi sabia que sua recuperação seria árdua. Desde que pediu recuperação judicial, em junho de 2016, formulou planos para melhorar sua rentabilidade, cortar custos e aperfeiçoar a governança.

A companhia já percorreu um longo caminho e criou estratégias fortes para melhorar sua situação financeira, mas ainda há trabalho a ser feito, afirma o Itaú BBA em relatório.

Sua dívida chegou a 65,4 bilhões de reais na época do pedido de recuperação judicial, maior valor já protocolado no país. Atualmente, sua situação financeira está mais estável, depois que ela converteu parte da dívida em ações.

A empresa aguarda um aumento de capital de 4 bilhões de dólares, um dos últimos pilares de seu plano de recuperação.

Enquanto isso não acontece, a operadora de telefonia está usando o que tem ao máximo. De acordo com o Itaú BBA, a empresa tem uma estratégia de investimento chamada de "abordagem de reúso", para capitalizar em cima de sua estrutura já existente. São mais de 350 mil quilômetros de fibra ótica e uma rede robusta de transporte que trazem vantagens competitivas.

Ao desenvolver áreas nas quais já tem estrutura, consegue alcançar mais lares ao mesmo tempo em que mantém o custo de desenvolvimento baixo, cerca de 30% do tradicional. A expectativa é que a banda larga da companhia chegue a 1 milhão de casas, com expansão quatro vezes mais rápida que a média.

No segmento mobile, a empresa lançou novas modalidades de planos para o pré-pago e contratou uma nova diretora para fortalecer os serviços corporativos.

Para reduzir os custos, a companhia internalizou o trabalho de duas de suas três prestadoras de serviço em campo, que eram terceirizadas. Hoje, cada técnico de campo faz cerca de sete visitas e instalações por dia, enquanto a média anterior era de 4,6. 95% dos serviços são agendados com antecedência, o que aumenta a eficiência e o nível de instalações bem sucedidas.

A companhia também investiu em prevenção e manutenção de sua capacidade e infraestrutura de rede, o que diminui gastos em consertos e reduz os números de reclamações dos consumidores.

Outro foco da redução de despesas é aumentar a digitalização dos serviços. A empresa investe no seu aplicativo e site para que o consumidor consiga aderir a um plano, resolver um problema ou tirar uma dúvida sem a intervenção humana.

Abalada por disputas entre acionistas e credores, aprimorar a governança também foi um foco importante para a companhia. Depois que ela converteu parte de sua dívida em participação acionária, seu controle se tornou difuso entre tantos acionistas.

Atualmente, todos os 11 membros do conselho de administração são profissionais independentes de alto calibre. Com experiências em diferentes indústrias, como telecomunicações, vendas, mercado financeiro e até governança, eles podem ajudar a companhia a reconquistar a confiança do mercado.

Próximos passos

Apesar de todas as ações que já foram tomadas pela empresa, os resultados continuam decepcionando investidores.

No terceiro trimestre de 2018, último resultado divulgado, as receitas caíram 8% e o lucro está em uma tendência muito lenta de recuperação.

"Daqui para frente, esperamos que as iniciativas para a eficiência suportem uma expansão gradual de margem. Especialmente em 2019, no entanto, esperamos que a melhora das margens ainda seja bem limitada, por conta dos custos comerciais e de rede", afirmou o Itaú BBA em relatório.

Em projeção feita pelo banco, as receitas ainda devem cair este ano, para começarem a se recuperar em 2020. Já o ebitda, o lucro antes de juros e taxas, tende a crescer devido às ações tomadas pela companhia.

A Oi já deu o primeiro passo para sua recuperação. Agora, deve dar os próximos.

Acompanhe tudo sobre:OiRecuperações judiciaisTelecomunicações

Mais de Negócios

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'