Oi: executivo afirmou que não houve queda de investimentos pela companhia (Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 12h27.
Rio - O diretor financeiro da Oi, Ricardo Malavazi Martins, afirmou nesta segunda-feira, 19, que a companhia espera ter um novo plano de recuperação judicial, com aperfeiçoamentos negociados com os credores, no primeiro trimestre de 2017.
A primeira versão foi entregue em setembro deste ano. O executivo também aguarda a divulgação da segunda lista de credores pelo administrador judicial em janeiro.
"Esperamos que no primeiro trimestre a gente consiga formular esse outro plano que possa ser encaminhado à assembleia de credores de forma negociada", afirmou após apresentação na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec) Rio.
A primeira lista trouxe uma dívida total em torno de R$ 65 bilhões com cerca de 67 mil credores. A nova lista será apresentada pelo administrador judicial que recebeu as habilitações e questionamentos dos credores.
Após essa última publicação, os credores ainda poderão questionar os valores dos seus créditos, mas isso será feito diretamente para o juiz responsável pela recuperação judicial da Oi, Fernando Viana, titular da 7ª Vara Empresarial do Rio.
Segundo o executivo, o foco da companhia em 2017 será justamente a aprovação do plano de recuperação judicial. Ele disse ainda que não existe decisão sobre fatiamento de ativos da companhia, após ser questionado sobre a possibilidade de venda por novos acionistas da empresa.
Sobre o plano de recuperação judicial apresentado por um grupo de credores junto com o empresário egípcio Naguib Sawiris na última sexta-feira, diz que ainda está sendo analisado.
Ele afirmou que no Brasil "não é comum" que se apresente um plano alternativo. Pela legislação brasileira, apenas a companhia pode apresentar o que será votado em assembleia de credores.
"Estamos encontrando com vários credores, vou encontrar outro grupo hoje que tem também sugestões. Aquilo será analisado dentro desse conjunto para que a gente possa oferecer alguns aperfeiçoamentos do que foi apresentado até o final do primeiro trimestre".
Ele afirmou que sugestões têm sido feitas por diversos credores. "Vamos negociar para que saia do outro lado uma Oi sustentável."
Questionado sobre queda de investimentos em relação aos concorrentes, afirmou que foram feitas mudanças na gestão nos últimos dois anos, com mudanças qualitativas que têm efeitos nos resultados da companhia.
O grupo de credor que apresentou o plano na sexta-feira estimou que a Oi investiu R$ 14 bilhões a menos que os concorrentes em seis anos.
"Não sei como foi feito esse cálculo. Esse ano temos desempenho dos investimentos muito ligado à gestão, então pegar só uma variável...a Oi é diferente das demais porque o Capex dela é diferente. Obviamente ficou abaixo, mas o que significam esses R$ 14 bilhões? A Oi não está fora dos padrões de mercado em vários itens", afirmou.
Na apresentação, o executivo afirmou que não houve queda de investimentos pela companhia. O diretor financeiro citou dados do último resultado da Oi, do terceiro trimestre do ano, que mostrou Capex de R$ 3,4 bilhões no acumulado dos nove meses encerrados naquele período, crescimento de 14,3% na comparação com o mesmo período de 2015.
Desafios
O executivo abriu a apresentação comentando que 2016 foi desafiador. Além de ter sofrido os impactos da crise econômica, assim como as suas concorrentes, a empresa entrou em junho deste ano com o pedido de recuperação judicial.
Para Martins, a recuperação judicial contribuiu para mostrar ao mercado que a Oi "operacionalmente tem viabilidade". O diretor citou que o Ebitda de rotina foi de R$ 552 milhões no terceiro trimestre do ano "mostra que a Oi gera caixa".
O número representa um aumento de 141% ante o período imediatamente anterior, mas queda de 30,1% na comparação anual.
"O processo de recuperação judicial foi fundamental para mostrar a viabilidade da empresa", disse citando que a companhia teve uma recomposição do caixa no terceiro trimestre, com o não pagamento de dívidas por causa do processo de recuperação.
O caixa ficou em R$ 7,1 bilhões, ante R$ 5,1 bilhões ao final do segundo trimestre.
O diretor citou ainda que as mudanças na regulamentação do setor, que foram aprovadas pelo Congresso, atraem investimentos e terão impacto positivo na Oi após a sanção e regulamentação.
A respeito dos impactos da crise econômica, afirmou que o setor de pós-pago está resistindo com a oferta de planos mais adequados, enquanto o B2B sofre mais com os efeitos.