Loja da Oi no Rio: "a Oi não tem nenhum preconceito para fazer a consolidação", segundo Bayard Gontijo (Marcelo Correa / EXAME)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 20h07.
Rio de Janeiro - A Oi está aberta a todas as opções para uma possível consolidação no mercado brasileiro de telecomunicações, inclusive uma fusão com a TIM Participações, desde que crie valor para seus acionistas, disse o presidente da empresa, Bayard Gontijo, nesta sexta-feira.
A Oi diz ter ganhado força financeira para participar de uma oferta ou fusão com a rival TIM, após acionistas da Portugal Telecom SGPS, uma das principais acionistas da operadora, terem aprovado na véspera a venda dos ativos portugueses da companhia para a francesa Altice.
A Oi não planeja recorrer ao mercado para emitir dívida ou ações, e um eventual acordo de consolidação será financiado com os recursos da venda dos ativos portugueses, disse Gontijo.
Questionado se a Oi prefere comprar ou ser comprada, Gontijo declarou "a Oi não tem nenhum preconceito sobre como fazer a consolidação".
"É muito cedo para discutir controle. Precisamos ter condições e, depois, avaliar o melhor caminho".
Essa hipótese é uma mudança frente às declarações anteriores de Gontijo, pelas quais a Oi pretendia liderar a consolidação no mercado de telecomunicações.
Mais cedo, uma fonte com conhecimento direto do assunto disse à Reuters que a Oi realizará "no curto prazo" uma oferta pela TIM, juntamente a Claro, do grupo mexicano América Móvil, e Vivo, controlada pela espanhola Telefónica.
Contudo, a administração da Telecom Italia, controladora TIM, planeja reunir-se com autoridades brasileiras na semana que vem para uma sondagem, antes de decidir se virará o jogo e fará uma oferta de compra da Oi, disseram outras duas fontes com conhecimento direto do assunto à Reuters.
De acordo com uma dessas fontes, o presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, buscará garantias do novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, de que o governo não fará oposição a uma eventual oferta pela Oi.
A reunião deve ocorrer na próxima quinta-feira, disse a fonte. A Telecom Italia já sinalizou estar considerando se fará uma oferta de compra pela Oi ou se optará pela fusão.
Dívida
As ações da TIM subiram 0,89 por cento nesta sexta, enquanto as preferenciais da Oi subiram 3,55 por cento.
As ações da Telecom Italia subiram 4,57 por cento em Milão. Os recursos da venda dos ativos portugueses da Oi podem financiar quaisquer aquisições, disse Gontijo. Diferente de Oi, Vivo e Claro, a TIM não tem um serviço fixo amplo que a permita vender pacotes "combo" de dados e outros serviços, o que deixa a empresa em uma posição mais vulnerável para competir no mercado.
Vivo, Claro e TIM não comentaram.
Analistas afirmam que a Oi não tem a força financeira necessária para comprar uma parte da TIM, cujo valor de mercado é de quase sete vezes o da Oi.
A dívida da Oi encerrou o terceiro trimestre de 2014 em mais de quase 48 bilhões de reais, a maior entre as operadoras brasileiras.
A Oi não tem caixa e não será capaz de comprar outra empresa com seu atual nível de alavancagem, disse Celson Plácido, estrategista da XP Investimentos.
"Faria mais sentido ser comprada." Mas Gontijo disse estar confiante de que as recentes melhoras operacionais ajudarão a Oi a gerar mais caixa, que poderá ser usado para reduzir a dívida e melhorar a alavancagem.
Segundo o executivo, as conversas com debenturistas da empresa para mudar termos contratuais dos papéis estão "correndo bem".
A Oi marcou para segunda-feira assembleias sobre a quinta e nona emissões da empresa, que somam 2,2 bilhões de reais.
*Atualizada às 21h07 do dia 23/01/2015