Oi: companhia atribuiu o leve aumento da receita líquida consolidada à apreciação do euro frente ao real (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2014 às 09h17.
Rio de Janeiro - A operadora de telecomunicações Oi ampliou prejuízo líquido no período de abril a junho, mostrou seu primeiro balanço trimestral após consolidação dos resultados da Portugal Telecom, com impacto do corte das tarifas de interconexão e menor tráfego devido aos feriados da Copa do Mundo.
A empresa teve prejuízo líquido de 221 milhões de reais no segundo trimestre frente a perda de 124 milhões de reais um ano antes, informou a Oi nesta quarta-feira.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou de 2,55 bilhões de reais, queda de 21,3 por cento em relação ao segundo trimestre de 2013.
A empresa ressaltou que o Ebitda teve menor contribuição de receitas não rotina, como a de 1,247 bilhão de reais referentes à venda de torres móveis no primeiro trimestre. "É importante mencionar que o resultado do segundo trimestre não é comparável aos trimestres anteriores, devido à consolidação dos resultados da Portugal Telecom desde maio", ressaltou.
A receita líquida somou 9,02 bilhões de reais entre abril e junho, leve alta de 0,4 por cento na comparação anual. No Brasil, as receitas do segmento residencial somaram 2,52 bilhões de reais, queda de 2,3 por cento sobre um ano antes. A receita líquida com telefonia móvel caiu 1,1 por cento contra o primeiro trimestre de 2013, a 2,23 bilhões de reais.
A companhia atribuiu o leve aumento da receita líquida consolidada à apreciação do euro frente ao real. No entanto, ressaltou que a receita líquida de negócios no Brasil caiu 2 por cento, para 6,935 bilhões de reais, devido à queda da receita de uso de rede com o corte das tarifas reguladas de interconexão do serviço móvel (VU-M) e menor receita de voz fixa devido à baixa da base de clientes. Também houve redução do tráfego de voz e dados com o menor número de dias úteis em junho por conta da Copa.
A base de clientes de telefonia fixa no segmento residencial teve queda de 7,2 por cento na comparação anual, para 11,36 milhões. Segundo a empresa, a baixa ocorreu devido a uma política de crédito mais conservadora além de greve de funcionários terceirizados em Salvador e na região Sul.
A base pré-paga de clientes de telefonia celular subiu 3,9 por cento sobre igual trimestre do ano passado e 0,9 por cento sobre o primeiro trimestre. Já a base de clientes nos serviços móveis pós-pagos, mais rentáveis, teve alta de 2,3 por cento ante o mesmo período de 2013, com avanço de 1,3 por cento sobre o trimestre anterior.
A receita líquida média por cliente (ARPU, do inglês) atingiu 73,9 reais no segmento residencial no período, alta de 5,3 por cento na comparação anual. No segmento móvel, a ARPU totalizou 17,7 reais, queda de 10,8 por cento sobre um ano antes, devido o corte na taxa de interconexão.
Já a receita líquida dos negócios em Portugal cresceu 9,5 por cento ano a ano, a 1,85 bilhão de reais. A receita de clientes de Portugal caiu 4,5 por cento comparado ao segundo trimestre de 2013.
Outros negócios, que incluem os ativos africanos consolidados, aumentaram em 5,6 por cento comparado ao segundo trimestre do ano passado, totalizando 236 milhões de reais também se beneficiando do efeito cambial.
A dívida líquida consolidada da empresa teve alta anual de 52,8 por cento, para 46,2 bilhões de reais ao final do segundo trimestre. O caixa disponível subiu 80,4 por cento, a 5,99 bilhões de reais.
Na segunda-feira, o presidente-executivo da Oi, Zeinal Bava, propôs à administração da companhia uma reorganização da Portugal Telecom para acelerar a integração e o alinhamento com a Oi e reforçar o acompanhamento do mercado português. O executivo propôs ainda sair da operação de Portugal para dedicar-se exclusivamente à liderança do Grupo Oi/Portugal Telecom.
No âmbito do aumento de capital da Oi e da transição dos ativos do Grupo Portugal Telecom para a Oi, a operadora brasileira ficou dona da Portugal Telecom, assumindo todos os seus ativos.
Em julho, o calote de uma dívida de 897 milhões de euros da Rioforte, uma holding do Grupo Espírito Santo, que é o principal sócio da Portugal Telecom, ameaçou a união luso-brasileira no setor de telecomunicações.
Para garantir o prosseguimento da fusão, a Portugal Telecom aceitou entregar quase 475 milhões de ações ordinárias e perto de 950 milhões de ações preferenciais da Oi à empresa brasileira. Em troca, o grupo português receberá títulos de dívida vencidos e não pagos pela Rioforte no valor de 897 milhões de euros e terá uma opção de compra das ações da Oi que serão entregues ao longo de seis anos.