Linha de produção na indústria farmacêutica: há uma combinação de condições econômicas e acontecimentos específicos da indústria (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2014 às 12h40.
São Paulo - Uma série de acordos propostos ou aprovados estão sinalizando uma nova era de aquisições no setor de laboratórios farmacêuticos não vista desde a última década em um momento em que as empresas focam em suas especializadas e abandonam operações com desempenho mais fraco.
Novartis e GlaxoSmithKline concordaram em trocar mais de 20 bilhões de dólares em ativos, em uma série de operações que impulsionarão os negócios da Novartis em tratamento de câncer e os da Glaxo voltado a vacinas.
Enquanto isso, a Valeant Pharmaceuticals fez uma oferta de 47 bilhões de dólares pela Allergan, fabricante do Botox, para impulsionar a área de produtos para cuidado da pele. Rumores de que oferta de 100 bilhões de dólares da Pfizer pela AstraZeneca foi rejeitada apenas alimentaram expectativas de há mais fusões adiante.
Ligando toda essa atividade há uma combinação de condições econômicas e acontecimentos específicos da indústria incluindo baixas taxas de juros, um desejo de empresas norte-americanas de fazer aquisições no exterior para proteger lucros obtidos no exterior de impostos nos Estados Unidos, e a compreensão de que acordos podem ser feitos para focar nos pontos fortes específicos de uma farmacêuticas, disseram investidores, analistas e executivos de bancos de investimento na terça-feira.
"O rumor sobre o possível acordo da Pfizer com a Astra mostra que a indústria está se movendo talvez para outro período de consolidação", disse Richard Purkiss, um analista da Atlantic Equitis em Londres. "As companhias farmacêuticas com alto valor de mercado, em comparação a setores globais mais maduros, ainda é fragmentada e então pode continuar a se concentrar".
Na transação da Novartis, cada companhia conseguiu exatamente o negócio que queria, sem ter que fazer o tipo de mega-fusão que consumiu a indústria farmacêutica nos anos 1990 e 2000, disse Sam Isaly, um sócio-gerente da OrbiMed Advisores, que administra 10 bilhões de dólares em ativos da área de saúde.
"É muito interessante que a Glaxo e a Novartis não se combinaram e então venderam alguma coisa. Elas apenas juntaram os portfólios, como se embaralhassem um baralho", Isaly.
Isaly espera mais destes acordos com propósito claro, como também mais junções e compras entre companhias menores. Outros analistas e investidores disseram que as empresas ainda podem fazer este tipo de acordo, e então cortar seus ativos para áreas que desejam focar estrategicamente.