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Oferta extra de Gol e TAM supera a Azul

Capacidade extra das duas companhias líderes do mercado de aviação equivale à empresa Azul inteira entre janeiro e junho deste ano

Dados são da Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac (Divulgação/EXAME)

Dados são da Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac (Divulgação/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2011 às 16h08.

Rio de Janeiro - A TAM e a Gol colocaram juntas no mercado uma capacidade extra equivalente a mais de uma Azul inteira entre janeiro e junho, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O forte crescimento da oferta, resultado de uma disputa acirrada entre as duas gigantes da aviação nacional, é um dos fatores que sustenta taxas de ocupação abaixo da média mundial, apontam especialistas.

No primeiro semestre, os voos saíram com uma média de 69,7% dos assentos ocupados nas rotas domésticas, segundo relatório da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Esse patamar é inferior aos de Índia, China e Estados Unidos e também está abaixo da média global, de 78,1%, em um momento em que o Brasil lidera a expansão internacional do setor aéreo. A instituição ressalta, porém, que o País avançou bastante nos últimos anos.

"A taxa de ocupação da indústria está subindo significativamente e a grande razão é o crescimento do mercado consumidor. Cerca de 40 milhões de pessoas entraram na faixa salarial de US$ 1 mil a US$ 3 mil dólares e esse é um público que opta pelo transporte aéreo e não pelo rodoviário", afirma o consultor Allemander Pereira.

No primeiro semestre, o aumento mais expressivo na oferta veio da líder TAM, que ampliou a capacidade em 14,26%, ante igual período de 2010. A Azul, que em menos de três anos de existência já alcançou a terceira colocação no mercado doméstico, praticamente dobrou sua oferta no período. A vice-líder Gol, que foi mais moderada, com um aumento de 4,67% na oferta, não gostou da política de expansão das concorrentes, que acabou respingando em todo o setor.

Em comunicado ao mercado na última quinta-feira, a empresa culpou o "forte" crescimento de 14,4% da oferta da indústria pela queda do yield (importante indicador dos preços cobrados pelas passagens aéreas) no primeiro semestre. "A companhia adotou uma estratégia prudente em termos de adição de capacidade. No entanto, essa pressão no yield fez com que as receitas de passageiros apresentasse crescimento menor no semestre", disse no comunicado. Para o consultor André Castellini, da Bain & Company, o aumento de oferta ideal para o período seria de 10%.

"O Brasil se caracteriza por um mercado com um excesso de oferta. Quanto mais excesso você tem, maior é a dificuldade para lotar o avião. Há uma rivalidade muito grande entre as duas maiores companhias do Brasil e essa concorrência se manifesta de diversas formas. Uma delas é através de planos de expansão de frota bastante agressivos", avalia.


Mercado

Outra característica específica do mercado brasileiro também tem colaborado para manter as taxas de ocupação relativamente baixas. Diferentemente de mercados mais maduros, como os dos EUA e da Europa, aqui grande parte do fluxo aéreo é de passageiros que viajam a negócios e voam geralmente pela manhã cedo e no fim da tarde. Com isso, os voos do meio da tarde, por exemplo, ficam relativamente vazios.

Esse cenário tem mudado com o crescimento da demanda de passageiros que voam a turismo, resultado da alta do emprego e da renda da população. As fortes restrições ao overbooking (venda de passagem além da capacidade do avião) no Brasil também ajudam a puxar para baixo a ocupação, segundo Pereira. Com receio das punições, as empresas são mais criteriosas ao lançar mão da prática, usada para se proteger do "no show" (não comparecimento de passageiros).

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