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Oferta da Lala pela BRF pode empacar nas estradas do Brasil

A compra da unidade de laticínios da BRF pela mexicana seria arriscada para uma empresa não familiarizada com as redes brasileiras de distribuição


	Estrada danificada: o Brasil ficou na 120ª colocação entre 148 países quanto à qualidade das suas estradas 
 (foto/Reuters)

Estrada danificada: o Brasil ficou na 120ª colocação entre 148 países quanto à qualidade das suas estradas  (foto/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2014 às 14h44.

Em busca de um ponto de apoio no Brasil, o Grupo Lala SAB, o maior produtor de laticínios do México, poderia descobrir que o caminho para enviar leite ao maior país da América Latina está cheio de buracos.

A Lala é um dos ofertantes pela unidade de laticínios da BRF SA no Brasil, segundo fontes do setor. A compra, que seria a primeira da Lala no país, seria arriscada para uma empresa não familiarizada com os clientes e as redes de distribuição do Brasil, segundo o Corporativo GBM SAB e o Banco Ve Por Más SA.

“O Brasil é um mercado complicado, especialmente para laticínios”, disse José María Flores, analista do Ve Por Más. “Vejo uma grande barreira por causa da distribuição. Eles teriam que investir muito” para levar sua marca.

A Lala despencou 3,9 por cento nos dias posteriores ao informe da Bloomberg sobre o interesse da empresa com sede na Cidade do México, publicado na semana passada, reduzindo um aumento de 20 por cento neste ano.

Esses ganhos ocorreram depois que, no ano passado, uma abertura de capital arrecadara 14 bilhões de pesos mexicanos (US$ 1,1 bilhão).

Segundo o presidente Eduardo Tricio, eles seriam usados para potenciais aquisições no México e na América Central, ou até na América do Sul ou nos EUA.

A Lala não quis comentar sobre a aquisição da BRF.

Na sua entrada ao Brasil, a Lala poderia aprender uma lição do Grupo Bimbo SAB, a maior fabricante de pão do mundo, cuja expansão para o País foi aturdida em 2013 por um ambiente de consumo fraco e uma rede de distribuição que precisou ser reconstruída.

No ano passado, o CEO da Bimbo, Daniel Servitje Montull, disse que o modelo de distribuição para o Brasil “simplesmente não é sustentável” e custou à empresa US$ 50 milhões em taxas de reestruturação no segundo trimestre.

Oportunidade à porta

O Brasil ficou na 120ª colocação entre 148 países quanto à qualidade das suas estradas no último Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial.

Quanto mais alto o número, piores são as condições. No mesmo estudo, publicado em setembro, o México está na 51° posição.

Uma chance de expandir-se no Brasil poderia acabar apresentando oportunidades que superam os riscos, segundo Marco Montañez, analista da Vector Casa de Bolsa, que recomenda conservar as ações.

“Eu vejo mais vantagens do que desvantagens”, disse Montañez, em entrevista por telefone da Cidade do México.

“É uma boa ideia tentar entrar neste mercado através de uma empresa estabelecida, bem posicionada e reconhecida pelo consumidor no mercado brasileiro”.

Demanda decrescente

A Lala também enfrentaria uma demanda decrescente por laticínios, disse Flores do Ve Por Más. O crescimento econômico do Brasil está desacelerando, tendo expandido 0,2 por cento durante os primeiros três meses deste ano, a metade do ritmo no trimestre anterior, pois o consumo das famílias caiu 0,1 por cento. Flores recomenda fortemente comprar as ações.

A BRF, com sede em São Paulo, gerou cerca de R$ 2,8 bilhões (US$ 1,3 bilhão) em vendas de laticínios no ano passado, segundo seu relatório anual. A companhia não quis comentar sobre a oferta informada da Lala.

Com base na mediana de múltiplos entre preços e vendas de 1,89 paga por produtores de laticínios de mercados emergentes nos últimos cinco anos, a unidade poderia ser vendida por R$ 5,3 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Em um relatório publicado no dia 29 de abril, a Votorantim Corretora disse que a unidade de leite poderia ser cotada em entre R$ 2 bilhões e R$ 2,6 bilhões.

O estudo disse que os laticínios estão sofrendo a pressão de custos altos do leite, o que está reduzindo os resultados.

“A distribuição de laticínios requere refrigeração, logo são necessárias distâncias menores entre as fábricas e as rotas de distribuição”, disse Flores. “Seria um enorme investimento para a Lala, além da compra da divisão”.

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