Marcelo Odebrecht, CEO: ontem, a agência de risco Standard & Poors fez uma rodada de rebaixamentos nas notas ligadas a Odebrecht (REUTERS/Enrique Castro-Mendivil)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2015 às 10h31.
São Paulo - Na corporação Odebrecht, nem sempre deixar uma diretoria, sem ter rumo certo a seguir, significa um desligamento na prática.
Executivos mais próximos da família podem até entregar um cargo no alto escalão sem assumir oficialmente outro na sequência, mas permanecem na folha de pagamento e no dia a dia dos negócios.
Na avaliação de quem conhece o grupo por dentro, esse tipo de excepcionalidade aplica-se ao executivo Alexandrino Alencar.
Ele pediu demissão nesta terça-feira, 24, do cargo de diretor de Relações Institucionais. Alegou que queria se dedicar à sua defesa. A Odebrecht confirmou a demissão.
Profissionais do setor de infraestrutura próximos ao grupo, porém, lembram que ele é da "velha-guarda", mais ligado a Emílio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht, presidente do grupo preso na sexta-feira, na 14.ª fase da Operação Lava Jato.
Acreditam que a decisão foi protocolar, para preservar a imagem do grupo.
A melhora da reputação também teria motivado a escolha de Newton de Souza para assumir o comando da holding Odebrecht durante o afastamento de Marcelo Odebrecht.
Advogado, passou por várias áreas de negócios e tem grande conhecimento sobre as operações do grupo. Souza também tem contatos no meio jurídico nos Estados Unidos, onde a empresa tem operações e pode ser chamada a dar explicações pelas autoridades, segundo advogados ouvidos pelo Estado.
No mundo dos negócios, a reputação é considerada peça-chave para garantir crédito na praça. A agência de risco Standard & Poors levou isso em consideração.
Ontem, fez uma rodada de rebaixamentos nas notas ligadas a Odebrecht. Rebaixou o rating de crédito corporativo da Odebrecht Engenharia e Construção de BBB para BBB-. Também rebaixou o rating de 11 emissões seniores não garantidas da Odebrecht Finance, igualmente de BBB para BBB-.
Segundo a Standard & Poors, o rebaixamento reflete a exposição da companhia a riscos relacionados à reputação após a prisão de seus executivos. "Nós não vemos a prisão de Marcelo Odebrecht, presidente do grupo, como um problema para as operações e atividades do dia a dia da empresa.
Ainda assim, o aumento dos riscos relacionados à reputação desencadearam um rebaixamento para o mesmo nível do rating soberano (do Brasil)", diz a agência.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.