Odebrecht: a empresa afirma que o objetivo é vender, até meados de 2017, ativos avaliados em R$ 12 bilhões (Vanderlei Almeida/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 20h52.
São Paulo - Em nota, a Odebrecht ressalta as medidas que tem tomado para garantir a saúde financeira do grupo. No texto, a companhia afirma que "segue evoluindo em seu plano de alienação de ativos, reestruturação de dívidas e fortalecimento da estrutura de capital de alguns de seus negócios". A Odebrecht afirma que o objetivo é vender, até meados de 2017, ativos avaliados em R$ 12 bilhões.
A empresa lembra no texto a venda da Odebrecht Agroindustrial, em julho. "A dívida da empresa era uma das maiores dentre os negócios do grupo, causada pelo longo período em que o preço da gasolina esteve represado, resultando em danos competitivos ao etanol", explica a companhia. A Odebrecht realizou uma capitalização de sua controlada de aproximadamente R$ 6 bilhões.
A Odebrecht lembrou também a venda de sua participação de 70% na Odebrecht Ambiental, realizada em outubro, para a Brookfield Brazil Capital Partners e a BR Ambiental Fundo de Investimento em Participações. Os 30% restantes pertencem ao fundo FI-FGTS.
O valor da venda foi de US$ 878 milhões.As unidades Cetrel, Ecosteel Gestão de Águas e Ecosteel Gestão de Efluentes Industriais, todas da área de tratamento de águas industriais, estão sendo negociadas com outros interessados.
Em junho, a Odebrecht Latinvest, empresa que consolida concessões no Peru e na Colômbia, firmou acordo de venda de 57% da concessão rodoviária Rutas de Lima, no Peru, para a gestora global de ativos Brookfield.
Com a conclusão da venda, a Brookfield assumiu a posição de sócia majoritária com 57%, enquanto a Odebrecht Latinvest passou a ter 25% das ações e a Sigma permaneceu com 18%.
Em novembro deste mesmo ano, a Odebrecht Latinvest fechou acordo de venda de 100% da Concessionaria Trasvase Olmos S.A. (CTO) e H2Olmos S.A., concessões do Projeto Olmos de irrigação no Peru, à Brookfield Infrastructure e à Suez.
A Odebrecht Energia, em outubro de 2016, anunciou a venda da Odebrecht Energias Alternativas, que detém o Complexo Eólico Corredor do Senandes, localizado no município de Rio Grande (RS), para o Grupo NC.
A venda ocorreu após a construção e implantação do Complexo, possibilitando capturar os ganhos de um ativo já em fase 100% operacional, após investimento da ordem de R$ 400 milhões.
Segundo o comunicado, a Odebrecht Energia segue em negociação com alguns grupos empresariais dentro de processo competitivo para a venda de participação de 28,6% - sendo 18,6% diretos e 10% por meio do fundo FIP Amazônia - na empresa Santo Antônio Energia.
O grupo lembra que ainda busca compradores para uma usina hidrelétrica e um gasoduto no Peru, e negocia a venda de participação em um bloco de petróleo em Angola, entre outras operações em andamento.
"Até o momento já foram efetuadas vendas que totalizam aproximadamente R$ 5 bilhões. Estas negociações permitem também a redução de outros R$ 5 bilhões na dívida bruta do grupo", diz a Odebrecht.
A Odebrecht listou ainda algumas iniciativas para diminuir o endividamento das empresas do grupo. Além reestruturação de capital da Agroindustrial, a Odebrecht Óleo e Gás segue em negociação com os detentores de títulos afetados pela rescisão, em setembro de 2015, pela Petrobras, do contrato de afretamento e operação da unidade de perfuração offshore ODN TAY IV.
Esta unidade compõe, juntamente com outros três navios-sonda, o grupo de ativos que garantem estes bonds, atualmente avaliados em US$ 2,041 bilhões.
Na nota, a Odebrecht lembra que a receita bruta do grupo atingiu R$ 126,6 bilhões e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a R$ 23,1 bilhões em 12 meses até junho. A receita das operações fora do Brasil representou 58% dos ingressos totais.
A companhia lembra que outra controlada, a Braskem, colocou em operação o complexo petroquímico Etileno XXI, no México, com um contrato de 20 anos com a Pemex (estatal mexicana de petróleo e gás).
O grupo ressalta que a Odebrecht Engenharia & Construção Internacional conquistou contratos para execução de obras como a Rodovia 836, na Flórida (EUA), a Linha 2 do Metrô da Cidade do Panamá, a primeira linha metroviária de Quito (Equador), a reurbanização da cidade de Colón (também no Panamá), a Linha de Transmissão de Energia Laúca e a Base Naval, ambas em Angola.
"Estamos passando por um processo de revisão da forma de nos organizar, de conceitos, de políticas e diretrizes. Já vivemos outras crises no passado, que resultaram na revisão das nossas áreas de atuação. Certamente, após concluída esta etapa atual, virada esta página, estaremos preparados para enfrentar os desafios do futuro", diz Newton de Souza, diretor-presidente da Odebrecht S.A.