Multinacional brasileira concordou em pagar ao país centro-americano uma multa de US$ 220 milhões e colaborar com a Justiça (Carlos Jasso/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de abril de 2019 às 14h19.
Última atualização em 23 de abril de 2019 às 11h17.
O candidato opositor e líder nas pesquisas para as eleições panamenhas em maio, Laurentino Cortizo, manifestou nesta segunda-feira que a empresa brasileira Odebrecht, acusada de pagamento de propinas, "não tem perdão" e deve ter "muito cuidado" com o que faz no Panamá.
"O que a Odebrecht fez na América Latina é inaceitável, é uma empresa que tem que ter muito cuidado com o que faz aqui neste país", disse Cortizo ao canal TVN-2.
"Eu sei que tem um acordo de cooperação assinado com a Justiça panamenha, eu entendo isso, mas para mim o que a Odebrecht fez neste país e na América Latina não tem perdão", afirmou Cortizo, candidato presidencial pelo opositor Partido Revolucionário Democrático (PRD, social-democrata).
A Odebrecht admitiu ter pago 788 milhões de dólares em propinas em 12 países, entre a América Latina e a África.
No caso do Panamá, a construtora reconheceu 59 milhões de dólares em subornos entre 2010 e 2014.
A multinacional brasileira, uma das maiores empreiteiras do Estado panamenho, concordou em pagar ao país centro-americano uma multa de 220 milhões de dólares e colaborar com a Justiça.
O Ministério Público do Panamá investiga os governos dos ex-presidentes Martin Torrijos (2004-2009) e Ricardo Martinelli (2009-2014), bem como o atual de Juan Carlos Varela (2014-2019).
Segundo as denúncias, os filhos de Martinelli teriam recebido cerca de 56 milhões de dólares da Odebrecht para facilitar procedimentos e outros serviços. Cinco intermediários foram condenados em um caso que tem pelo menos 76 acusados, incluindo vários ministros de Martinelli.
A Odebrecht é "uma empresa que poluiu a região" com "um maquinário para corromper funcionários, empresas, o setor privado", disse Cortizo, que lidera as pesquisas de intenções de voto para as eleições gerais de 5 de maio.