Odebrecht: implicada na Lava Jato, a empresa passou por modificações para poder voltar a disputar contratos públicos (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de junho de 2019 às 15h39.
Última atualização em 13 de junho de 2019 às 15h52.
Rio de Janeiro — A Odebrecht Engenharia & Construção espera acelerar conversas com a Petrobras para se tornar novamente apta a prestar serviços a petrolífera e conseguir, já no segundo semestre, participar de licitações da estatal. É o que disse a diretora de compliance do grupo Odebrecht, Olga Pontes, nesta quinta-feira (13).
Segundo Pontes, após o acordo de leniência firmado pela holding Odebrecht SA em 2016, uma série de normas de governança e procedimentos foram adotados pelo grupo e suas subsidiárias. "Sem sombra de dúvidas já estamos prontos para voltar a prestar serviços à Petrobras", afirmou a executiva em entrevista à Reuters.
Ela disse que reuniões entre representantes da Odebrecht e Petrobras ocorrerão nos próximos dias, e os avanços na área de compliance e governança serão apresentados para a petrolífera brasileira.
A expectativa em torno de habilitar a construtora para licitações da Petrobras ocorre em um momento em que grandes bancos brasileiros estão negociando com a Odebrecht uma recuperação extrajudicial do conglomerado. O grupo tem dívida de cerca de 70 bilhões de reais e tenta evitar ir pelo mesmo caminho de sua subsidiária do agronegócio, a Atvos, que no final de maio pediu recuperação judicial.
"No caso de obras de engenharia civil ainda não estamos liberados (para fazer negócios com a Petrobras). Nós estamos numa quarentena e na fase de demonstrar que todas as recomendações que nos deram estão sendo implementadas. A Petrobras está averiguando isso", disse Pontes.
"Para nós, é importantíssimo esse reconhecimento muito rápido. Devem ter licitações da Petrobras no segundo semestre, e estamos tentando acelerar o processo para que a Petrobras reconheça nossas mudanças, e a gente possa participar", acrescentou.
Um monitor independente do Ministério Público Federal, designado no acordo de leniência firmado em 2016 para planejar e acompanhar a mudanças internas na construtora, será chamado pela Odebrecht para dar a sua opinião à Petrobras sobre as medidas de governança e compliance adotadas pela companhia.
"Estamos muito confortáveis porque o que a Petrobras está pedindo é muito similar ao que estamos fazendo já à pedido do MP e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que estão na nossa casa avaliando tudo que está previsto no acordo", declarou a executiva.
Entre os requisitos determinados pela Petrobras para a OEC estão medidas como aumento de transparência, comunicação, capacitação, due dilligence de terceiros entre outros pontos.
A executiva da Odebrecht afirmou que a participação da empresa em concorrências da Petrobras será importante para a sustentabilidade da companhia de engenharia e construção. "Ganhar novos contratos é importante para sustentabilidade da empresa", afirmou Pontes, sem poder especificar o quanto novos contratos poderão aliviar as negociações com os bancos.