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Odebrecht avalia listar ações na bolsa, diz executivo

Enfrentando um cenário de recessão, crise no setor de petróleo e os efeitos da Lava Jato, a Odebrecht tem reduzido drasticamente sua estrutura

Odebrecht: "Neste ano estamos mais concentrados em reexaminar e reforçar valores que não estavam fortes o suficiente", disse membro do conselho de administração da Odebrecht (foto/Bloomberg)

Odebrecht: "Neste ano estamos mais concentrados em reexaminar e reforçar valores que não estavam fortes o suficiente", disse membro do conselho de administração da Odebrecht (foto/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 30 de março de 2017 às 17h19.

São Paulo  - A holding Odebrecht S.A., um dos principais alvos da operação Lava Jato, pode abrir o capital e listar-se na bolsa de valores após concluir um processo de adequação a padrões mais rígidos de boa conduta corporativa, disse um executivo da companhia.

"Neste ano estamos mais concentrados em reexaminar e reforçar valores que não estavam fortes o suficiente", disse à Reuters Sergio Foguel, membro do conselho de administração da Odebrecht há cerca de 15 anos e desde o ano passado presidente do comitê de conformidade da empresa. "A listagem da holding (em bolsa) pode acontecer depois."

O comitê de conformidade foi criado pela holding para liderar o processo de adesão da companhia a práticas internacionais de boa conduta corporativa, na esteira da operação Lava Jato, que resultou na prisão do então presidente da empresa Marcelo Odebrecht e culminou num acordo de leniência e em acordos de delação premiada de 77 executivos do grupo.

O comitê, que hoje tem 40 pessoas, deve aumentar para cerca de 60 profissionais envolvendo todas as unidades de negócios do grupo até o fim do ano.

Desde então, a companhia tem assumido compromissos com base em referências da Transparência Internacional, do Pacto Global da ONU e do Pró-Ética, parceria do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União com instituições privadas.

A iniciativa da Odebrecht faz parte dos esforços do grupo para recuperar sua reputação atingida por denúncias de pagamento de propina no Brasil e em outros 11 países, com os quais busca acordos para evitar ou desfazer proibições para que ela participe de novas concorrências públicas.

Segundo Foguel, por ter assumido o compromisso de ter "tolerância zero" com corrupção, a Odebrecht está pronta para o cenário em que pode perder contratos em concorrências públicas e comprometer o ritmo de crescimento da empresa no futuro.

"Isso (menor crescimento) pode acontecer", disse o executivo.

Enfrentando um cenário combinado de recessão econômica no Brasil, seu principal mercado, crise global no setor de petróleo e os efeitos da Lava Jato, a Odebrecht tem reduzido drasticamente sua estrutura. O conglomerado, que em 2013 chegou a ter 180 mil empregados, atualmente tem cerca de 80 mil.

No último balanço divulgado, o conglomerado afirmou ter fechado 2015 com prejuízo líquido de 298 milhões de reais, ante lucro de 494 milhões de reais um ano antes, e receita de 132,3 bilhões de reais. O balanço de 2016 deve ser divulgado em 30 de abril.

O grupo tem se desfeito de várias operações dentro e fora do Brasil, incluindo negócios de irrigação, concessões rodoviárias, saneamento, entre outros.

Para Foguel, a Odebrecht está preocupada com a possibilidade de esferas do poder público não acompanharem a mudança de conduta adotada pela companhia.

Como exemplo, citou denúncias veiculadas na mídia de que funcionários da Transpetro, subsidiária de transportes da Petrobras, pediram propina para a Odebrecht, que rejeitou e denunciou tentativa de extorsão. O caso teria ocorrido em dezembro passado e foi divulgado pela imprensa no início deste ano.

"Temo que tenhamos a continuar convivendo com este tipo de relação com entes públicos", afirmou Foguel.

Além disso, avaliou, operações desencadeadas por órgãos como o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e a Polícia Federal envolvendo montadoras de veículos e do setor de carnes mostram que vários outros setores da economia no país podem ter que mudar suas práticas.

"Se houvesse investigação em nível similar à que aconteceu na Odebrecht, outras grandes empresas poderiam enfrentar situação semelhante", disse Foguel.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresNovonor (ex-Odebrecht)

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