Negócios

O Telecine quer democratizar o cinema — e voltar a alugar filmes

Em entrevista a EXAME, o CEO da empresa afirmou que “quer trazer a experiência do cinema para todos os públicos”. Tudo direto do sofá

Eldes Matiuzzo: CEO do Telecine (Tamires Vitório/Exame)

Eldes Matiuzzo: CEO do Telecine (Tamires Vitório/Exame)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 20h50.

Última atualização em 5 de dezembro de 2019 às 20h55.

Nesta quinta-feira (5), dados do Sistema de Informações e Indicadores Culturais, do IBGE, mostraram que quatro em cada dez brasileiros não têm acesso aos cinemas. Pensando nisso, o Telecine, canal de filmes do Grupo Globo, quer assumir uma tarefa complicada: chegar onde as telonas não chegam.

“O cinema hoje, principalmente em São Paulo, incluindo o combo pipoca mais refrigerante, é caro e nada inclusivo”, diz Eldes Matiuzzo, CEO da empresa, em entrevista a EXAME na CCXP deste ano. "Queremos cobrir o déficit de quem não tem acesso ao cinema próximo de casa. Ele tem de ser para todo mundo.”

Além de estar presente na TV à cabo (o berço da marca), o Telecine também quer se fortificar no meio competitivo do streaming. Recentemente, um plano mais básico (que permite o uso de uma tela por vez e o cadastramento de dois dispositivos) foi anunciado por R$ 23,90. Já o mais caro, que dá direito a três telas simultâneas e cinco dispositivos, sai pelo valor de R$ 37,90.

Atualmente a plataforma de streaming da empresa tem 1,5 milhão de assinantes, enquanto o canal à cabo tem 4 milhões de usuários. Em média, eles gastam até quatro horas assistindo os longas do catálogo, como “A Favorita”, que levou o Oscar de melhor figurinho e atriz em 2019, e o terror “Nós”, de Jordan Peele.

Para Matiuzzo, a “guerra do streaming” não existe e é mais uma “corrida” — e ele não quer chegar exatamente em primeiro lugar. “Se estivermos entre os seis streamings que as pessoas assinam, a gente já vai ser ser muito relevante”, afirma. Para popularizar a plataforma online do canal, além do investimento em tecnologia e na mudança da imagem da empresa, que passou a ser mais moderna e minimalista, o Telecine também faz parcerias com influenciadores digitais.

“Você é impactado por anúncios nas redes sociais, no seu computador, na sua Smart TV — o público hoje é multicanal e temos de estar em todos os lugares. Para isso, precisamos ter pessoas que conversam em todos os lugares”, explica. Foi daí que veio a ideia de ter um estande na CCXP 2019, que tem ambientes ligados ao novo slogan da marca: “seu momento cinema”. “Nós estávamos nas casas das pessoas, nas TVs, mas queremos estar no mobile, o tempo todo com as pessoas. E o público do evento é totalmente ligado no digital.”

Segundo ele, o Telecine tem duas vantagens competitivas na briga. “A primeira é a marca em si, que é sinônimo de filme no Brasil. Somos mais conhecidos aqui do que os players que estão chegando, com exceção talvez da Netflix”, diz. “A segunda grande coisa é se posicionar no nicho cinema — as empresas estão indo atras de séries e a gente é especialista em cinema. Além disso, somos sócios de grandes estúdios, como a Universal, a Paramount, Sony e Warner. Talvez a gente seja uma das únicas plataformas que tem acordo com todos os estúdios ao mesmo tempo. Temos boas armas para a corrida que estamos no meio”, completa.

Apesar do sentimento de novidades, a nostalgia também tem espaço: o Telecine quer que as pessoas voltem a alugar filmes, sem compromisso algum com a plataforma. “Queremos trazer de volta a facilidade de você, por pouco dinheiro, alugar alguma produção e assisti-la da sua casa”, conta.

Acompanhe tudo sobre:CCXP – Comic Con ExperienceCinemaFilmesNetflixStreaming

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia